Comunicação em Alerta: quando reclamar passa a ser um hábito

Há vários sentidos para a palavra reclamar. Pode se referir a uma queixa sobre algo ou alguém; um lamento de uma dor ou um sentimento; pode ser uma reivindicação, uma solicitação ou um pedido insistente, ou ainda, uma crítica para apontar o defeito de alguém ou de alguma coisa.

 

Reclamar é um direito de todos, e é muito saudável saber se posicionar em relação ao que não se concorda. Para fazer uma reclamação de modo consistente deve-se observar três aspectos: o uso correto das palavras e argumentos, o momento propício e o melhor jeito de falar para a situação.

Isso exige cuidado e domínio de várias habilidades de comunicação. Saber reclamar é um exercício de coerência, assertividade e de posicionamento.

 

Mas nem sempre uma reclamação acontece pelo desejo de resolver alguma coisa. Em muitos casos, por características de personalidade ou de temperamento, reclamar torna-se um hábito.

 

Você conhece ou convive com alguém que reclama de tudo?

 

Por exemplo, se alguém faz alguma coisa diferente do esperado, a reclamação é imediata, acompanhada de um tom de voz irritado; se o “reclamão” ou a “reclamona” vai a um restaurante, a comida nunca está boa, o atendimento não é bom.

No trabalho, ninguém é comprometido como deveria. Ao entrar em um novo ambiente, em poucos instantes a atenção vai para um defeito na parede, no teto, ou etc.

 

Quem reclama considera que sempre está com a razão.

O problema sempre é do outro.

E, ao invés de agir, espera a solução.

Pessoas assim impactam fortemente a vida de quem convive ao seu redor.

 

Não há dúvida que o dia a dia é cercado de possibilidades de reclamações. Se a escolha for reagir negativamente em todas as situações, a somatória de tudo torna a vida estressante, sem saída.

Dentre as inúmeras possibilidades de contornar uma situação, quem tem o hábito de reclamar, o faz sem cerimônia, tornando o dia de quem está ao redor muito mais pesado e cansativo.

 

O problema é que quem reclama geralmente não percebe que tem alguma coisa errada na forma de agir e de encarar as situações. Talvez, precise de ajuda profissional para encontrar uma forma mais leve e saudável de viver e de lidar com o que o/a desagrada.

 

Por outro lado, quem convive com reclamões e reclamonas precisa aprender a se blindar para não se tornar refém das reclamações e sentir a vida impactada por elas. É importante impor alguns limites e sem hostilidade, ajudá-los a perceber a presença desse hábito. Algumas perguntas podem ser úteis, como por exemplo: “por que você está falando comigo dessa forma?” ou “tenho percebido que você tem me criticado com alguma frequência. Como podemos melhorar isso?” ou “vejo que você não anda se sentindo muito bem ultimamente. Posso lhe ajudar de alguma forma?” Ou seja, tentar ajudar naturalmente, sem reagir ao incômodo que uma reclamação provoca.

Acolher quem reclama de tudo é um ato de empatia e de compreensão, porque por trás de toda reclamação há um pedido de ajuda para resolver algo maior.

 

Melhorar a comunicação em todos os níveis deve ser uma busca constante: quem fala bem, vive melhor e faz as pessoas ao redor mais felizes.

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