Sistema de Camadas: O conforto térmico para atividades Outdoor

Hoje vou dar dicas de conforto térmico, já que o frio está chegando com tudo e a gente não quer deixar de aproveitar a natureza!  

O desenvolvimento dos equipamentos para atividades outdoor evoluiu muito nos últimos 25 anos, principalmente no quesito vestuário. A substituição do algodão e da lã e a criação de materiais respiráveis, trouxe mais uma evolução incontestável: Sistema de Camadas.

O sistema de camadas consiste em utilizar camadas leves de roupas sobrepostas, mantendo a temperatura com eficiência, pois o ideal em atividades outdoor, além de não sentir frio, é estar seco e não sentir calor!

Em geral utilizam-se apenas três principais camadas:

  • 1ª Camada ou Segunda Pele: É a camada que estará em contato com a pele, cuja função é transferir a umidade do suor para fora, mantendo o corpo o mais seco possível. Esta camada deve ser de tecido com tecnologia para uma rápida secagem. Aqui não cabe o uso de algodão porque ele segura a umidade e o algodão molhado perde a capacidade isolante.
  • 2ª Camada ou Camada de Aquecimento: Esta segunda camada é a responsável de manter o calor corporal. Existem vários tipos de tecido, porém o mais comum é o fleece. Também é interessante o cuidado com o tecido escolhido para que ele dê sequência e continue transferindo a umidade para a camada seguinte. A lã é um bom material para aquecimento, mas quando molhado fica pesado e perde a capacidade de manter o calor. Nos dias menos frios a segunda camada pode ser dispensada. Assim como muitas vezes esta camada não é utilizada para membros inferiores, pois não se perde muito calor pelas pernas.
  • 3ª Camada – Camada externa impermeável ou Anorak: A terceira camada deve ser impermeável para proteger contra o vento e chuva. O anorak é uma peça importantíssima no sistema de camadas. Essa peça deve ser capaz de tirar a umidade de dentro e não deixar a umidade de fora entrar.

Fora o sistema de camadas, usado para manter o conforto térmico corporal, ainda temos que proteger a cabeça, as mãos e os pés.

  • Cabeça: Deve-se proteger a cabeça com gorros de fleece nas situações mais frias, pois a cabeça pode ser responsável por mais da metade da perda do calor corporal.
  • Mãos: O conceito de camadas também se aplica às luvas, mas deve-se prestar atenção na relação entre o conforto térmico e a facilidade de manuseio de equipamentos. Muitas vezes a primeira camada é suficiente.
  • Pés: A combinação meias e calçado com a tecnologia que retira a umidade que está junto à pele e transporta para fora é fundamental para manter os pés secos. O calçado deve ainda ter a tecnologia que impede que a umidade entre de fora para dentro, mantendo os pés secos mesmo com chuva. Pés úmidos são preocupantes pois, além do desconforto térmico, podem facilmente formar bolhas.

O conforto térmico em ambientes naturais (outdoor) é uma questão de segurança, evitando hipotermia, desidratação ou insolação. Muitas marcas de equipamento outdoor têm investido em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias para dar mais conforto e segurança para quem os usa. No entanto, todo esse esforço e o avanço tecnológico têm reflexo no custo dos equipamentos. Por isso é importante pesquisar com cuidado antes de adquirir sua roupa de aventura, pois baixo custo não quer dizer necessariamente alto benefício.

* Ana Wanke é curitibana, engenheira e trabalhou por 20 anos no setor elétrico com projeto de Usinas Hidrelétricas. Em 2012 resolveu realizar um projeto que já vinha elaborando há muito tempo: dar oportunidade a mais pessoas de conectarem-se com a natureza, de maneira mais intensa e em roteiros personalizados. Trocou a carreira de engenheira pela carreira de guia e fundou a empresa Ana Wanke Turismo e Aventura. Especializou-se em caminhadas e no Caminho de Santiago, pelo qual recebeu a honraria de Dama da Ordem do Camino de Santiago em setembro de 2019.

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