Os hospitais paranaenses adotam medidas de prevenção à Covid-19 e anunciaram quais são as atitudes que já estão em prática no estado. As informações foram repassadas nesta segunda-feira (23 de março) pela Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná (Femipa), Associação dos Hospitais do Paraná (Ahopar), Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado do Paraná (Fehospar) e Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Paraná (Sindipar).
Algumas medidas estão relacionadas com materiais e equipamentos de segurança para os profissionais de saúde, o que inclui um maior controle ao uso dos mesmos, sem prejudicar o atendimento ou a segurança e com o objetivo de evitar falta de material em um curto período. O presidente da Femipa, Flaviano Feu Ventorim, explicou que a situação dos hospitais neste momento é regular e todos os estabelecimentos estão com estoques. No entanto, há preocupação com a duração deles, em especial o de máscaras.
Ele revelou que houve um consumo gigantesco de materiais nos últimos dias, incluindo parte da população que saiu à procura de máscaras e outros produtos e fez estoque em casa, gerando dificuldades no mercado. Nos hospitais, o estoque de cerca de dois meses foi utilizado em 10 dias. Ventorim ainda contou casos de furtos de máscara e álcool em gel nos hospitais do Paraná, por pacientes e acompanhantes em alguns locais.
“Estamos trabalhando para mitigar o risco. Os hospitais ainda têm estoque, mas precisamos da ajuda da população. A máscara ajuda quem está no hospital, quem está atendendo a população. Em uma eventual situação de necessidade, uma saída pode ser organizar doações junto aos hospitais. Quem comprou e está estocando em casa poderia entregar estas máscaras aos hospitais. É um material importante para quem está atendendo as pessoas”, salientou.
Leia também – UNIDAS lança canal para integrar autogestões em saúde no combate ao coronavírus
Os hospitais também estão em contato direto com fornecedores, mas já há dificuldades na entrega de materiais. “Temos notícias de que parte dos fornecedores internacionais não está repassando material ao Brasil. E também há estados nos quais há retenção de produtos. Estamos em contato com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) para buscar uma solução local”, comentou Ventorim. O presidente da Femipa ainda revelou aumento de preços de fornecedores, que também estão solicitando o pagamento antecipado para o envio de produtos.
Ainda em relação à segurança nos hospitais, Ventorim enfatizou que uma das maiores preocupações é com os colaboradores, que também correm o risco de contaminação pelo novo coronavírus. Os hospitais paranaenses adotam medidas para a prevenção à Covid-19 também neste sentido, o que inclui o cancelamento de visitas nos hospitais, conforme orientação do Ministério da Saúde. Também houve a suspensão de cirurgias eletivas e do atendimento ambulatorial. No entanto, há preocupação com a assistência aos pacientes crônicos, de acordo com o presidente da Femipa.
Estrutura
O Paraná possui cerca de 15.191 leitos hospitalares, sendo 10.800 pelo SUS. São dois mil leitos adultos em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e 240 pediátricos. “Há possibilidade de converter ainda leitos, ampliando a estrutura. Com a redução das cirurgias eletivas, já percebemos menos leitos ocupados”, comentou Ventorim.
Os hospitais criaram fluxos diferenciados para os pacientes que buscarem atendimento. Haverá uma triagem para que pessoas com problemas respiratórios não tenham contato com pacientes que tenham outras necessidades. Por isto, as instituições reforçaram a recomendação dos órgãos de saúde em procurar os hospitais apenas se sentirem sintomas mais agudos. A falta de ar e a febre persistente são indicativos para a procura do atendimento médico.
“Houve uma demanda enorme por atendimento nos hospitais no início deste cenário. A partir do momento que a informação foi mais difundida (de que quem apresentasse sintomas leves deveria ficar em casa), caiu a procura. Um hospital hoje está com o fluxo separado. Se uma pessoa for com renite, vai se juntar com outras pessoas de problemas respiratórios. Por isto, é necessária a colaboração da população. Muitas pessoas foram até os hospitais procurando o teste para o novo coronavírus. Só estamos fazendo isto para os pacientes internados, visando o diagnóstico e o tratamento”, esclareceu Ventorim.
Leia também – UPAs de Curitiba ganham espaços externos para atendimento de casos respiratórios
O presidente da Fehospar, Rangel da Silva, salientou que os hospitais estão se estruturando e destacou a importância da população para seguir os protocolos a anunciados pelas autoridades de saúde, deixando os hospitais mais livres para os casos de necessidade.
Os hospitais já criaram ou estão criando comitês de gestão de crise e as entidades do setor estão apoiando os estabelecimentos, segundo José Octávio da Silva Leme Neto, presidente da Ahopar. Este apoio acontece, entre outras iniciativas, com a articulação junto às autoridades de saúde e com a troca de experiências.
Diante do atual cenário, o presidente da Femipa, que representa os hospitais filantrópicos, também revelou que as instituições estão solicitando ao Sistema Único de Saúde (SUS) e às operadoras de planos de saúde que façam os pagamentos aos hospitais com base nas médias dos últimos seis meses. “Hoje, nosso foco está na assistência e também os colaboradores das áreas administrativa e financeira estão em home office. Por isto, estamos pedindo um fluxo financeiro para as entidades”, apontou.
Leia também – Isolamento domiciliar: o que fazer se apresentar sintomas do novo coronavírus
Leia também – Novo coronavírus: o que fazer quando voltar para casa?