Doença celíaca vai muito além da eliminação do glúten

doença celíaca
(Foto: Freepik)

Para quem tem doença celíaca, uma dieta sem glúten ao longo da vida não é uma escolha, é uma necessidade. A doença autoimune atinge 1% da população mundial e 2 milhões de brasileiros de acordo com pesquisas da Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil – FENACELBRA. A doença é caracterizada pela intolerância permanente ao glúten, proteína encontrada no trigo, aveia, cevada, centeio e derivados como malte, farelos, entre outros.

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O médico cooperado da Unimed Curitiba especialista em gastroenterologia, João Ricardo Duda, explica que a doença celíaca geralmente não é a primeira opção de investigação médica porque não é uma doença com padronização de sintomas. “Se essa não for a realidade do médico que está atendendo, dificilmente ele vai pensar em doença celíaca no primeiro momento”, afirma. Estima-se que de cada 8 pessoas que tenham a doença, apenas um é diagnosticado.

Intolerância ao glúten não é ser celíaco

Uma dúvida recorrente que muitas pessoas têm é sobre deixar de comer glúten e desenvolver a doença celíaca. De acordo com o especialista, a dieta sem glúten não desencadeia a doença. “O glúten é uma que somente implica em sintomas por si só nos doentes celíacos, por uma reação autoimune antígeno-anticorpo. Restrições alimentares sempre devem ser orientadas por gastroenterologistas e nutricionistas conscientes, e somente utilizadas quando realmente necessárias, sendo menos restritiva possível”, alerta.

O intestino delgado é o principal órgão afetado em quem é celíaco, mas diversos sintomas podem estar relacionados à doença como dermatites, dores abdominais e até osteoporose. O especialista relata que um quadro de osteoporose precoce, por exemplo, pode estar relacionado à doença celíaca, pois a osteoporose não é comum em crianças ou adolescentes, mas pode se fazer presente em quem tem doença celíaca.

Fique atento a alguns sinais sugestivos de doença celíaca:

  • Queda de cabelo
  • Dor ou distensão abdominal
  • Gases, diarreia ou constipação intestinal
  • Problemas de pele recorrentes
  • Ansiedade e depressão
  • Dermatite
  • Anemia

Como saber se sou celíaco e como tratar?

O diagnóstico da doença requer sorologia positiva (IgA anti-transglutaminase 2 e anticorpos anti-endomísio), além de atrofia das vilosidades na biópsia do intestino delgado. “Excluir o glúten da dieta atrapalha muito nos testes diagnósticos laboratoriais, os quais dependem de paciente estar em uso vigente de dieta com glúten”, completa o especialista.

A dieta gluten free é o único tratamento comprovado para portadores da doença celíaca e a recomendação é o estabelecimento de um plano alimentar livre de glúten sob a supervisão de um nutricionista especializado nesse tipo de doença, além do gastroenterologista. No entanto, a dieta pode prejudicar o convívio social do celíaco e, por isso, é recomendado acompanhamento multidisciplinar.

Não é raro celíacos recusarem programas e convites sociais porque não podem correr o risco do mínimo contato com o glúten, presente em praticamente todos os ambientes de qualquer cidade do mundo. Também é bastante comum casos de isolamento por medo da contaminação. “O apoio psicológico é necessário e pode melhorar a aceitação da condição reduzindo os riscos de ansiedade e depressão”, completa Duda.

Atenção aos medicamentos

O glúten também é frequentemente usado na fase sólida de alguns medicamentos, especialmente os genéricos, o que requer conscientização dos médicos e farmacêuticos ao receitar ou indicar remédios.

Dia 16 de maio é o Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença Celíaca e, no Brasil, o Dia Nacional dos Celíacos é comemorado no dia 20 de maio. Para o especialista e titular da Federação Brasileira de Gastroenterologia, para que o diagnóstico seja mais preciso, é necessária uma educação médica continuada para que os profissionais da saúde conheçam os testes diagnósticos corretos, não iniciando o tratamento (eliminação do glúten) antes de se ter um diagnóstico laboratorial de certeza. “É preciso alertar os médicos e a população sobre quem são os indivíduos de risco como portadores de anemia crônica, osteoporose precoce, diabetes tipo I e outras doenças autoimunes, histórico de doença celíaca na família e a busca por um gastroenterologista especializado quando de sintomas como diarreia crônica”, finaliza.

*Informações Assessoria de Imprensa