Manter seu coração saudável é uma tarefa que exige cuidados que vão além da atenção com o órgão responsável por bombear sangue para todo corpo. Colesterol alto, diabetes, hipertensão, obesidade, sedentarismo e outros hábitos da vida moderna influenciam a saúde do coração e podem se tornar verdadeiras bombas para o sistema cardiovascular. O alerta ganha destaque no Dia do cardiologista, comemorado em 14 de agosto.
Para lembrar a data, vamos elencar algumas situações que afetam a saúde cardiovascular.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), quatro em cada dez adultos no país apresentam níveis elevados de Colesterol. Essencial para o funcionamento das células do cérebro, nervos, músculos, pele, fígado, intestinos e coração, o colesterol também é importante para a formação de hormônios de vitamina D e até ácidos biliares, que ajudam na digestão das gorduras da alimentação. O problema é o excesso de colesterol ruim, denominado LDL, que está associado a diversas doenças a partir do entupimento de veias e artérias. Ainda de acordo com a SBC, cerca de 18,4 milhões de pessoas no Brasil correm o risco de ter algum grave problema de saúde como AVC e infarto, por apresentaram altos níveis de colesterol ruim.
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Além do risco cardiovascular, o colesterol alto pode ocasionar graves problemas na visão, como explica o oftalmologista do Hospital de Olhos do Paraná, Dr. Jayme Arana. “O aumento do LDL pode acarretar oclusões vasculares na retina, ocasionando importante diminuição da visão e até mesmo a cegueira. A oclusão da artéria central da retina ocasiona, geralmente, perda visual total irreversível, devido à isquemia retiniana (ausência de circulação sanguínea). Se a oclusão for apenas de um ramo arterial, a perda de campo visual será correspondente à região irrigada por essa artéria”, explica o especialista.
Diabetes: um perigo silencioso para o coração
Cerca de 80% dos pacientes com diabetes tipo 2 morrem em decorrência de doenças cardiovasculares, segundo a International Diabetes Federation (IDF). A diabetes é uma doença que, na maioria das vezes, se apresenta de forma assintomática, ou seja, silenciosa, e sua incidência tem aumentado bastante no mundo.
“O paciente diabético é de alto risco para desenvolver doenças do sistema cardiovascular. A diabetes causa lesão vascular e, com isso, uma redução no calibre das artérias do corpo todo, principalmente nas artérias do coração, do cérebro, da aorta e membros inferiores, levando à diminuição do fluxo de sangue durante o bombeamento do sangue pelo coração, o que pode levar ao infarto, à amputação de membros e AVC”, salienta o cardiologista do Hospital São Vicente, de Curitiba, Dr. Rubens Zenobio Darwich.
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p class=”ql-align-center”>Dr. Rubens Zenobio Darwich | crédito: divulgação
O médico alerta ainda que há outro comportamento de risco que se soma a essas doenças. “A obesidade, que está se tornando uma pandemia do mundo moderno, vem aumentando na população devido a hábitos da modernidade e alimentação inadequada, o que contribui consideravelmente para a diabetes e também para as doenças do coração.”
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Apneia do Sono pode desencadear sobrecarga no coração
Muitas pessoas podem não ter um sono adequado e algumas não consideram isso um grande problema por não saberem que o sono ruim pode levar a alguns questões graves, como doenças cardíacas.
A causa da apneia obstrutiva do sono (AOS) é, na maioria das vezes, multifatorial, sendo consequência de colapso ou de grande estreitamento da via aérea superior, durante o sono. O estreitamento e o colapso da via aérea podem ser devidos ao relaxamento da musculatura da faringe ou alterações anatômicas, entre outros fatores. Como consequência, além da redução na qualidade de vida pela sonolência diurna excessiva e da má qualidade de sono, há um risco aumentado para problemas cardiovasculares, como pressão alta (hipertensão arterial), batimento cardíaco irregular (arritmia cardíaca), infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC).
O médico Luciano Drager, cardiologista, especialista em Medicina do Sono pela Associação Médica Brasileira (AMB), alerta que os eventos de apneia, que ocorrem durante o sono, desencadeiam uma série de respostas que podem sobrecarregar o coração de maneira importante. A apneia, ao interromper temporariamente a entrada de ar nos pulmões, reduz a pressão dentro do tórax e isso faz com que o coração necessite trabalhar mais, neste ambiente de baixa pressão. Além disso, ele adverte que os eventos repetidos de apneia promovem fragmentação do sono e ativação de adrenalina no corpo, contribuindo para acelerar e sobrecarregar o coração.
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“Hoje existem evidências de que a apneia do sono pode contribuir para aumentar a pressão arterial, aumentar o risco de arritmias e ocorrência de infarto e derrame. A relação, às vezes, pode ser reversa, ou seja, algumas doenças do coração podem favorecer também o surgimento ou a piora da apneia do sono”, aponta Drager.
Segundo o médico todo o paciente com apneia grave é particularmente mais suscetível a um maior risco de ocorrência de doenças do coração. “As pessoas, no geral, devem avaliar a qualidade do sono. Estou respeitando o horário de dormir e a minha necessidade do sono? No período próximo ao horário de dormir, estou evitando situações estressantes ou estímulos visuais que possam atrapalhar meu sono? Alguém relata que estou roncando ou parando temporariamente de respirar, enquanto durmo? Tenho a sensação de que ao acordar meu sono é restaurador? Essas perguntas são importantes para que possamos fazer uma autoavaliação da qualidade do sono para que, em caso de alguma queixa ou sintoma, procure-se atendimento médico para orientação adequada de diagnóstico e tratamento”, destaca.
Hipertensão Arterial
A hipertensão arterial é uma doença crônica causada pela elevação dos níveis da pressão sanguínea nas artérias, sendo um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de patologias cardiovasculares. A hipertensão só é diagnosticada após ficar comprovado que o paciente apresenta pressão elevada com frequência.
“A pressão arterial é considerada alta quando for 140 por 90 mmHg ou maior. Para que os valores sejam confiáveis, a medida deve ser realizada após um período de repouso de cinco a 10 minutos, em um ambiente calmo, com o paciente sentado. Não é recomendada a aferição da pressão após exercícios físicos, dietas ricas em sal, ingestão de bebidas alcoólicas ou estresse psicológico, pois estes fatores podem alterá-la”, afirma o médico cardiologista do Pilar Hospital, José Carlos Tarastchuk.
Segundo o cardiologista, o tratamento do hipertenso é para toda a vida. Pessoas diagnosticadas com a doença devem adotar uma alimentação saudável, com mais frutas, verduras e legumes, com pouco sal e sem frituras. Também se recomenda o abandono do tabagismo e do consumo de álcool. Atividades físicas, principalmente as aeróbicas, são essenciais para o bom funcionamento do corpo e para manter o peso ideal.
Dr. Darwich reforça a orientação: “É recomendado fazer, semanalmente, ao menos, 150 minutos de exercícios físicos para evitar o sobrepeso, largar o tabagismo e consumir menos bebidas alcoólicas”, diz. Ele ressalta a necessidade de evitar o consumo de produtos industrializados e sempre beber muita água.
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