A pandemia de Covid-19 mexeu com diferentes aspectos do atendimento da área da saúde. O próprio Saúde Debate fez uma série especial sobre a telemedicina, que ganhou impulso neste período. Outro exemplo de mudança foi no atendimento a domicílio, ou home care. A prática já existia, mas também ganhou mais visibilidade e abrangência neste momento. O home care cresce na pandemia e também ganha outros serviços em função de demandas e descobertas para melhor atender o cliente.
O home care ou o serviço de atenção domiciliar caracteriza-se por um conjunto de ações que incluem prevenção e tratamento de doenças. Inclui ainda reabilitação, paliação e promoção à saúde, realizadas em domicílio. Ele é uma opção segura de tratamento especializado em casa, sempre que necessário, diminuindo a necessidade de internação hospitalar em alguns casos e/ou reduzindo o número de dias de internação, em muitos outros. Em algumas situações, se houver indicação médica pode até mesmo substituir o internamento hospitalar.
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Dados de empresas do setor mostram que esse crescimento chegou a 40% na implantação de novos clientes no atendimento domiciliar, nos meses de fevereiro e março deste ano. Hyran Godinho, CEO da Pronep Life Care, empresa do segmento, destaca dois motivos para isso.
O primeiro é resultado da mudança no comportamento das pessoas. Com medo de se infectar no ambiente hospitalar, muitos pacientes e familiares optam pela realização, em casa, de procedimentos com baixa complexidade como troca de curativos, medicamentos na veia, fisioterapia, por exemplo. O home care cresce na pandemia, conforme empresas do segmento, também pela procura cada vez maior do conforto e da comodidade por parte dos pacientes e clientes.
De acordo com Godinho, outro fator é a desospitalização, ou seja, a liberação de leitos de pacientes crônicos estáveis para home care é uma realidade em muitas capitais. “A desospitalização precoce hoje no país significa salvar vidas, desde março houve uma estabilidade na procura, mas a tendência é de alta no crescimento em junho”, explica.
Além disso, existe uma demanda por fisioterapia nos pacientes que tiveram Covid-19 e que, muitas vezes, são atendidos em casa após a alta hospitalar.
Home care cresce e operadoras se adaptam e expandem o atendimento nesta área
O Programa Saúde em Casa da Federação Unimed Paraná (Atenção Domiciliar) envolve ações de promoção à saúde, prevenção, tratamento de doenças e reabilitação desenvolvidas no domicílio dos beneficiários. Ele é composto por duas modalidades: Internação Domiciliar que se caracteriza por atividades em saúde prestadas na residência do beneficiário (enfermagem 6h, 12h, ou 24 horas ininterruptas”); e a Assistência Domiciliar, que é um conjunto de atividades, de caráter ambulatorial, programadas e continuadas, desenvolvidas também em domicílio (antibioticoterapia, curativos especiais, fisioterapia).
“O objetivo do programa é proporcionar um maior conforto e segurança aos beneficiários e familiares, promovendo o autocuidado, a capacitação e o envolvimento dos cuidadores para um melhor bem-estar físico, mental e social”, afirma Rosimeri Lima Barankevicz, analista em Atenção à Saúde.
Ela explica que a Unimed Federação não possui atendimento domiciliar próprio. “Contamos com a parceria de empresas terceirizadas que são contratualizadas pela Unimed para prestar o serviço para os nossos beneficiários”.
O Programa existe na Unimed Paraná, desde 2010. “Nosso foco é viabilizar um tratamento personalizado e humanizado em âmbito domiciliar, contando sempre com a participação dos familiares envolvidos no cuidado do beneficiário, diminuindo assim, quando possível, o tempo de tratamento, evitando complicações do quadro e também possibilitando uma autonomia quanto aos cuidados que se fazem necessários, dessa forma melhorando a qualidade de vida dos beneficiários”, complementa Andreia Aparecida de Oliveira, também analista em Atenção à Saúde.
Um grande desafio do “Saúde em casa” tem sido esse momento da pandemia. “Estamos trabalhando de forma estratégica e ágil, para otimizar a desospitalização dos pacientes, auxiliando na rotatividade dos leitos hospitalares, liberando vagas para outros que realmente exijam esse atendimento em uma unidade hospitalar”, avalia.
Isso pode ser visto pela perspectiva dos próprios pacientes que tiveram o acompanhamento, desde o hospital, quando foi necessário, até a liberação em casa, depois de atendimentos especializados. “Buscamos trabalhar em conjunto com os prestadores de serviços (médicos, clínicas e hospitais), de modo que possamos reduzir o tempo de internação no hospital e iniciar o suporte no domicílio, evitando uma possível reinternação”, salienta.
Uma desospitalização com toda a segurança e qualidade da continuidade da recuperação no domicílio é vital. Por isso, a cooperação entre as equipes de diferentes fases que atendem o paciente ajuda no processo de recuperação como um todo. Ainda mais em situações complexas, como tem sido, as relacionadas à Covid-19.
* Com informações das assessorias
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