Finanças e saúde: o case da Uniprime

Saúde Debate entrevista o presidente do Conselho de Administração da Uniprime do Brasil, Dr. Alvaro Jabur

Alvaro Jabur - Uniprime
Alvaro Jabur, presidente do Conselho de Administração da Uniprime do Brasil

Acompanhamos diariamente entre as notícias relacionadas ao setor da saúde os desafios relacionados ao financiamento do sistema de saúde de modo geral, das instituições que atuam os repasses do Sistema Único de Saúde e como as operadoras também se ajustam entre a oferta dos serviços e o aumento de custos. 

Além disso, os profissionais de saúde também precisam de apoio financeiro para as suas clínicas e outros estabelecimentos, assim como suporte pessoal para um melhor desenvolvimento da carreira e da profissão. 

Por isso, na década de 1990, médicos criaram a Uniprime, cooperativa de crédito destinada inicialmente a esse público, mas que hoje se tornou uma referência no mercado financeiro. No início dessa história, os profissionais de saúde se uniram para atender demandas próprias. Depois de mais de 20 anos de fundação, a cooperativa auxiliou muitos deles para enfrentar as dificuldades impostas pela pandemia de Covid-19.

Esses assuntos estão na entrevista que você confere a seguir, na seção Paradigma do Saúde Debate. O presidente do Conselho de Administração da Uniprime do Brasil, Dr. Alvaro Jabur – que também é médico infectologista -, dá detalhes sobre o impacto da crise sanitária nas suas atividades e no atendimento aos cooperados, em especial aos ligados à área da saúde, além de revelar as metas para o restante de 2022 e 2023. 

Dr. Alvaro Jabur é fundador e presidente do Conselho de Administração da Uniprime do Brasil; Diretor da OCEPAR (Organização das Cooperativas do Estado do Paraná); e Vice-Presidente do Conselho Deliberativo do Multicoop. Médico Infectologista, foi professor do curso de Medicina da Universidade Estadual de Londrina (UEL); Diretor Clínico do Hospital Universitário (HU) da UEL; Diretor Geral do HU; Presidente da Associação Médica de Londrina; Vice-Presidente da Unimed de Londrina; Fundador e Presidente da Uniprime Central; e Conselheiro de Administração da FGCoop (Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito).

Acompanhe:

Saúde Debate – Como a Uniprime enxerga esse momento em que a pandemia ainda não acabou, mas períodos críticos da crise sanitária já foram deixados para trás? 

Dr. Alvaro Jabur – A cooperativa de crédito Uniprime, como a grande maioria das instituições financeiras e todo o mercado mundial, foi pega de surpresa com a pandemia. Isso nos obrigou a repensar o seu modo de atuação, tanto do ponto de vista interno, com seus colaboradores, quanto do mercado. Foram realizadas inúmeras ações de apoio aos cooperados e colaboradores. Mas essa é uma etapa que, progressivamente, estamos ultrapassando, apesar de ainda existir casos e mortes por Covid-19.

Analisando um cenário que eu classificaria como “final de pandemia’ – e não de pós-pandemia -, temos observado um grande aumento das operações de crédito, que é o carro-chefe da nossa cooperativa. A nossa carteira de empréstimos tem crescido e isso mostra que os negócios estão voltando. Este é um dado muito bom.

A pandemia causou uma série de mudanças no comportamento dos nossos cooperados. Exemplo disso foi a utilização de meios eletrônicos para pagamentos, o que aumentou de forma absurda. Houve ainda a diminuição no número das pessoas que procuram as agências para realizar negócios. Eles são mais realizados por meios eletrônicos ou por atendimento direto dos nossos gerentes nas clínicas, empresas e residências dos cooperados. Verificamos agora uma tendência de normalização das atividades, mesmo com essas alterações de comportamento dos cooperados. 

A Uniprime tem uma relação direta com a área da saúde, inclusive na sua formação. Como essa relação se mantém?

A gente brinca e fala que está no DNA da Uniprime trabalhar na área da saúde, em virtude da nossa fundação. Inicialmente, tínhamos apenas médicos cooperados, com uma base muito forte em Londrina, Apucarana e Maringá, devido ao apoio das Unimeds dessas cidades à nossa ideia. Temos procurado não sair desse foco. Com o passar do tempo, o Banco Central nos autorizou a trabalhar com outras áreas profissionais e categorias, mas nos mantivemos fiéis à nossa origem. E somos hoje a maior cooperativa de crédito com ação preferencial à área da saúde no país. 

Agora, enxergamos com muita alegria a Uniprime conseguir fazer o movimento reverso: no início foi muito ajudada pelo segmento da saúde, e hoje auxilia muito essa área, disponibilizando linhas de empréstimos para ações específicas na saúde, seja para o financiamento de clínicas e para aquisição de aparelhos e equipamentos, seja para reformas de hospitais, clínicas e laboratórios. 

O nosso maior propósito é melhorar a vida financeira das pessoas, mas sem tirar o olho da área da saúde, que é a nossa origem.

A pandemia afetou os profissionais de saúde, não só pelos desafios na atuação, mas também na parte financeira, com a suspensão de uma série de procedimentos eletivos, por exemplo. Como o acesso à cooperativa e ao crédito impacta esses profissionais, ainda mais neste momento?

A pandemia, com certeza, afetou todos os profissionais da saúde, assim como impactou os profissionais que trabalham em todas as áreas. Preocupada com isso, desde o início da pandemia, a cooperativa disponibilizou várias linhas específicas de crédito, com valores mais acessíveis e taxas menores. No início da pandemia, víamos toda a situação com muita preocupação, mas agora estamos em uma tendência de equilíbrio deste cenário como um todo. Encaramos o futuro com bastante otimismo. O país continua crescendo: do ponto de vista macroeconômico está equilibrado. Apesar da taxa de juros alta, este é um dos mecanismos de combate à inflação. Isto não depende da cooperativa, mas torcemos para que as taxas de juros sejam reduzidas, voltem a patamares menores, para que o Brasil possa crescer e distribuir melhor a renda.

O que a Uniprime planeja para o restante de 2022 e 2023?

Estamos preocupados em ampliar a nossa base de atuação e em fornecer aos nossos cooperados agências cada vez melhores e mais profissionalizadas. Temos para este semestre uma série de ações nesse sentido. Para agosto, por exemplo, estão programadas a inauguração de uma agência em Presidente Prudente (SP) e a mudança da nossa agência em Cianorte (PR) para uma nova estrutura. Em Castro (PR) está sendo construída uma nova agência para um melhor atendimento. Em Maringá (PR), há 60 dias, inauguramos uma segunda agência na cidade.

Para 2023, devemos continuar nesse movimento de crescimento, principalmente focando o estado de São Paulo, com aumento no número de agências. Já está programada a abertura de agência em São José dos Campos (SP). Paralelamente, estamos olhando para outras cidades também, visando à expansão. No Paraná, vamos melhorar as agências e a infraestrutura de modo geral. Nossa intenção é continuar crescendo e valorizando o atendimento ao nosso cooperado. Essa proximidade com o cooperado é o que traz liberdade de ação e atuação, facilitando para que ele possa alcançar um melhor desenvolvimento econômico.

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