Para ensinar e para aprender, a repetição é um requisito indispensável. Como educar uma criança. Muita repetição e anos de paciência e dedicação, repetindo todos os dias ou a todo minuto (rss…) sobre a vida, seus caminhos e obstáculos.
Essa é uma necessidade tão simples e tão detestada também, mas tão necessária e tão eficaz. No contexto de respeito a mulher não é diferente. É essencial repetir como foi, como evoluiu, por meio de quê evoluiu e como estamos agora, para que as pessoas entendam e fixem a necessidade do respeito a mulher, como a todos os seres humanos.
E aí que entra a repetição que acontece pelos movimentos feministas, por movimentos de mulheres, por movimentos sociais, quaisquer movimentos que visem igualdade e respeito. Desde a Revolução Francesa passando pelas grandes guerras, a busca pelo sufrágio universal feminino, movimentos de liberdade sexual, uma repetição e uma construção de séculos que permitiram que nós pudéssemos falar, que permite que eu possa escrever esse texto e publicá-lo livremente. Não precisamos mais de autorização. Não precisamos mais da aprovação de um homem para nos manifestar livremente.
Todos esses movimentos fizeram com que pudéssemos chegar a Constituição Federal de 1988, a qual trouxe às mulheres mais dignidade, estabeleceu a igualdade entre homens e mulheres e, por ela, o Brasil passou a ser signatário de todos os tratados, convenções e outros diplomas internacionais que se referem à proteção dos direitos humanos da mulher e ao combate à discriminação ou violência de gênero, dando destaque ao princípio da dignidade humana. (CHAKIAN 2019 p. 212/214)
Ainda, nossa geração alcançou a capacidade civil plena, conquistada efetivamente há pouco mais de 10 anos, podemos decidir nossas vidas, estudar, trabalhar, votar e sermos votadas, guardar nossos filhos, gerir nossos bens, dirigir, viajar sozinhas, empreender, discutir, argumentar, um sem fim de ações simples que há pouco tempo não eram possíveis. Há muito pouco tempo.
Por tudo isso, sem esses movimentos, essas reações e, principalmente, sem essa repetição sobre todo esse processo de transformação social e cultural que para muitos é chata, não teríamos liberdade para fazer mínimas coisas que fazemos hoje sem valorizar a exposição e o esforço de muitas que nem puderam usufruir dessa liberdade.
Então, a repetição é uma necessidade sim, precisamos repetir, repetir e repetir para que tudo que conquistamos passe a ser o normal, para que essa nova realidade seja mesmo a nossa realidade, sem obstáculos, sem limites, sem preconceitos. Que não tenham dúvidas sobre nosso potencial, sobre nossas capacidades, nossas habilidades, que possamos fazer mais escolhas e que elas sejam legítimas e não renúncias disfarçadas de escolhas.
· Em caso de necessidade própria ou de outra mulher que esteja passando por qualquer tipo de violência, entre em contato com a Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180.
Este é um canal de atendimento telefônico, com foco no acolhimento, na orientação e no encaminhamento para os diversos serviços da Rede de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres em todo o Brasil. As ligações para o número 180 podem ser feitas de qualquer aparelho telefônico, móvel (celular) ou fixo, particular ou público. O serviço funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, aos finais de semana e feriados inclusive.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
· CHAKIAN, Silvia. A construção dos direitos das mulheres: histórico, limites e diretrizes para uma projeção penal eficiente / Silvia Chakian. – Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2019. 212/214p.
· MAGALHÃES, V.T., Mulheres – Iguais na Diferença. 1 ed. Rio de Janeiro/RJ: Lumen Juris, 2018. V. 01. 220p .
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