A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) lança o manual Cuidados com os pés em pessoas com diabetes em tempos de Covid-19. A publicação foi formulada em razão da necessidade de adaptação de rotinas neste período de pandemia, segundo a instituição. O documento apresenta uma compilação das principais recomendações para a prevenção de feridas, infecções e outras complicações.
Estima-se que cerca de 20% da população com diabetes desenvolvem algum problema nos pés, no decorrer da vida. Atualmente, cerca de 16 milhões de brasileiros convivem com a doença.
O manual divide-se em seis capítulos que se debruçam sobre avaliação doméstica dos pés, autoexame, cuidados com calçados, como lidar com feridas e curativos, e como agir em caso de infecções. A construção foi realizada por equipe interdisciplinar, composta por profissionais que atuam, diretamente, na atenção dos pés da pessoa com diabetes.
“Esses cuidados estão descritos na literatura. Nesse projeto, nosso trabalho foi adequá-los à realidade de quem está em casa. Neste cenário de Covid-19, os pacientes com diabetes têm um risco agregado a esta doença e as medidas de precaução e isolamento físico/social são preconizadas”, comenta a médica endocrinologista Maria Cândida Parisi, coordenadora do Departamento de Doenças nos Pés e Neuropatias da SBD.
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Pessoas com diabetes desenvolvem maior risco para os pés em decorrência da neuropatia periférica, predominantemente. De acordo com a SBD, essa complicação do diabetes gera diminuição da sensibilidade protetora. Como consequência, a pessoa fica mais suscetível a ferir-se sem perceber. Em muitos casos, o diabetes também impacta a circulação sanguínea, ocasionando maior dificuldade de cicatrização. “Nossa prioridade é evitar que a pessoa se machuque. Lembrando que, após a ocorrência de uma ferida, cujo risco de infecção é grande, a situação vai ficando cada vez mais complexa, onde muitas vezes evolui para necessidade de cirurgia e amputação”.
O diabetes é a primeira causa de amputações não traumáticas em membros inferiores no mundo. Estima-se uma amputação a cada 20 segundos, em decorrência do diabetes.
O presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes, Domingos Malerbi, destaca ainda que esses pequenos ferimentos e infecções podem iniciar-se muito facilmente, nas atividades cotidianas. “É muito comum as pessoas se machucarem ao andarem descalças, elas podem pisar em objetos pontiagudos. Ou mesmo, durante dias frios, quando utilizam aquecedores e bolsas de água quente para esquentar os pés. Esse manual foi desenvolvido orientar sobre os riscos que esse tipo situação cotidiana pode apresentar para pessoas que têm sensibilidade diminuída em decorrência do diabetes”, descreve.
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