Um estudo liderado por pesquisadores brasileiros, publicado na revista científica Nature – uma das mais importantes do mundo -, aponta que sintomas no estágio inicial apontam evolução da Covid-19. Ou seja, sintomas mais agressivos da Covid-19 ainda nas primeiras fases da doença podem indicar o desenvolvimento de uma forma mais grave da infecção.
Os pesquisadores, das universidades de Yale e Rockefeller, nos Estados Unidos, chegaram a essa conclusão após analisarem exames de sangue de 113 pacientes – entre casos moderados e graves – com Covid-19. Parte deles não precisou de internamento na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
O estudo, publicado na Nature nesta segunda-feira, mostrou que as respostas mais agressivas do corpo à Covid-19 continuaram ao longo da duração da doença em pacientes considerados graves.
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Na análise que apontou que sintomas no estágio inicial apontam evolução da Covid-19, os pesquisadores encontraram, em alguns pacientes, excesso de citocinas (substâncias relacionadas ao sistema imunológico) entre o nono e o 12º dia após o início dos sintomas. Esse seria o motivo da chamada “tempestade” no corpo, termo que vem sendo usado por vários especialistas. O excesso de citocinas foi verificado poucos dias após o pico da carga viral, indicando que o sistema de defesa do corpo fica desregulado, causando danos ao organismo. E é nesse estágio da doença que os pesquisadores acreditam, com base nos pacientes analisados, que pode haver uma bifurcação entre melhora e piora do quadro de saúde.
Os profissionais envolvidos na pesquisa lembraram que o desenvolvimento de um caso mais grave de Covid-19 não está relacionado apenas à carga virual, mas a uma disfunção na resposta imune, além de fatores inflamatórios, que poderiam ser indicativo de futura severidade.
Para os pesquisadores, em torno do nono dia a partir do surgimento dos sintomas, a análise de marcadores imunológicos em exames de sangue seria suficiente para prever se o paciente terá um quadro grave ou não da Covid-19, se começa a melhorar ou não.
Com essa informação, as equipes médicas poderiam intervir para controlar a resposta do sistema imune do paciente. Mas os pesquisadores ressaltam que medicamentos neste sentido poderiam ser aplicados apenas em pessoas com resposta desmedida, pois, caso contrário, poderiam inibir a resposta do próprio corpo ao coronavírus.
* Com informações do portal G1
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