Para realizar radioterapia (RT) orientada pela biologia tumoral nos carcinomas de células escamosas de cabeça e pescoço (CEC-CP) serão necessários biomarcadores que sejam acessíveis e confiáveis. O objetivo do estudo foi investigar o suposto valor prognóstico de marcadores de células tronco tumorais (CTT), hipóxia e volume tumoral utilizando como endpoint a falha loco-regional em alta dose (FLRAD).
Para este estudo foi recuperado o tecido tumoral de pacientes tratados primariamente com quimioterapia concomitante a radioterapia e nimorazol para CEC-CP do estudo DAHANCA 19. Foram analisados volume tumoral, classificação de hipóxia, e expressão dos marcadores de CTT CD44, SLC3A2 e MET. Para os pacientes elegíveis com informações de todos os parâmetros (n= 340), o risco de FLRAD após o tratamento primário foi avaliado por estes biomarcadores como um todo e estratificados por tumores orofaringe p16+ vs tumores p16- (cavidade oral, orofaringe, hipofaringe e laringe).
Foi identificado um maior risco de FLRAD em pacientes com alto volume de tumor primário e nodal (>25 cm3, Hazard Ratio (HR): 3,00 [95% CI: 1,73-5,18]), com alta expressão de SLC3A2 (HR: 2,99 [1,28-6,99], CD44 (>30% positivo, HR: 2,29 [1,05-5,00]), e tumores p16- (HR: 2,53 [1,05-6,11]), os tumores p16- tiveram uma maior expressão de marcadores de CTT em relação aos orofaringe p16+. O principal fator associado ao maior risco de FLRAD para os tumores p16- (n= 178) foi o volume tumoral (HR: 3,29 [1,79-6,04]) e para os tumores orofaringe p16+ (n= 162) foi a alta expressão de SLC3A2 (HR: 6,19 [1,58-24,23]). Deste modo, volume tumoral, status p16, e marcadores de CTT são potenciais biomarcadores para falhas em locais de alta dose nos pacientes com CEC-CP tratados com quimioterapia e radioterapia concomitante. A baixa expressão de CTT nos tumores orofaringe p16+ pode contribuir para um melhor controle tumoral.