Os efeitos adversos urinários são uma preocupação com a radioterapia hipofracionada para próstata, particularmente com a radioterapia estereotáxica corporal (SBRT), com a incidência relatada de toxicidade urinária tardia grau 2+ variando de 10% a 30%, e o impacto da ressecção transuretral da próstata (RTUP) prévia na sequela pós-radioterapia não é bem definido.
Estudo retrospectivo uni cêntrico buscou analisar a incidência de toxicidades urinárias tardias em banco de dados da instituição com os dados de toxicidade inseridos prospectivamente em pacientes com ressecção transuretral da próstata (RTUP) prévia submetidos a radioterapia moderadamente hipofracionada (MHRT) ou a radioterapia hipofracionada extrema/radioterapia estereotáxica corporal (SBRT) com sintomatologia urinária G2+ na escala NCI CTCAE v5.0. Foram incluídos 203 pacientes (114 no grupo MHRT e 89 no grupo SBRT), com um tempo mediano de 10 meses entre a RTUP e a radioterapia. A análise multivariada para idade, diabetes, radioterapia pélvica, tamanho da fração, volume da próstata, duração da RTUP ou radioterapia e volume da cavidade da RTUP não mostrou associação significativa com a toxicidade urinária tardia grau 2+.
A toxicidade urinária tardia grau 2 foi observada em 47 (23,2%) pacientes (MHRT=24 e SBRT=23), com uma mediana de 17 meses após a radioterapia, durando uma mediana de 14 meses. Após um seguimento mediano de 37 meses, a toxicidade urinária tardia foi observada em 23,2% (grau 2) e 8,4% dos pacientes (grau 3). Nenhuma diferença significativa foi observada entre SBRT e MHRT para a toxicidade cumulativa tardia grau 2+ (p=0.15). Os sintomas de grau 3, como hematúria e obstrução urinária, surgiram após em média 29 meses de seguimento e duraram em média 8 meses.
Em conclusão, a incidência de efeitos adversos urinários severos foi <10%, principalmente hematúria ou obstrução urinária. A maioria desses efeitos foi temporária,…