Introdução
As mudanças no fracionamento da radioterapia em câncer de mama se deram a partir do entendimento radiobiológico dos tecidos saudáveis e resposta tumoral. De acordo com o modelo linear quadrático, o α/β do tumor mamário é em torno de 3 Gy, valor próximo ao do tecido mamário saudável adjacente. Isso mostra que a entrega de doses maiores, em menos frações, pode ser oncologicamente benéfico sem causar toxicidades importantes nos tecidos saudáveis [1]. A dose hipofracionada com 15 frações de 2,67 Gy se tornou padrão após ter se mostrado não inferior à 50 Gy em 25 frações em relação a controle local, de acordo com alguns estudos como o START B [2], dentre outros [3,4,5]. Posteriormente, o estudo FAST testou um regime de 5 frações. Neste estudo, mulheres com 50 anos ou mais, com diagnóstico de carcinoma invasivo de baixo risco (pT1-2 pN0), foram randomizadas para 25 frações de 2 Gy, 5 frações de 6 Gy 1 vez por semana ou 5 frações de 5,7 Gy também uma vez por semana. O principal objetivo foi a avaliação das alterações tardias na mama irradiada. Após um acompanhamento médio de 9,9 anos, não houve diferença entre os grupos tratados com fracionamento convencional e 5 frações de 5,7Gy [6]. Mais recentemente, o estudo FAST-Forward comparou o ultra-hipofracionamento com o hipofracionamento moderado. Foram randomizadas 4096 mulheres, maiores de 18 anos com tumores iniciais (pT1-3, pN0-1, M0) para dois regimes experimentais de radioterapia com 5 frações (26Gy e 27Gy), além do braço controle com 15 frações de 2,67 Gy. Com um seguimento mediano de 71,5 meses, a recidiva local (desfecho primário) e sobrevida global em 5 anos foram semelhantes entre os braços, no entando, pacientes tratadas com 27 Gy tiveram piores resultados cosméticos. Os autores concluiram que a radioterapia com 26 Gy em 5 frações, em 5 dias consecutivos, não é inferior ao esquema de 40 Gy em 15 frações [7,8].
Diante desses resultados…