A pandemia de COVID-19 afetou o acesso ao tratamento do câncer em todo o mundo. No entanto, faltam dados sobre o impacto nos países em desenvolvimento.
Com dados extraídos do banco de dados do Ministério da Saúde, dois períodos equivalentes denominados Non-COVID (antes da pandemia) e COVID (durante a pandemia) foram analisados para comparar o número de pacientes submetidos à prostatectomia radical (PR) e radioterapia (RT).
Foram obtidos os dados de 50,169 pacientes com câncer de próstata, sendo 28,106 casos no período Non-COVID e 22,063 no período COVID tratados com RP ou RT. Comparando os dois períodos foi observada uma redução significativa no número de pacientes submetidos à RT ou RP (- 6.043 casos; p = 0.0001). Esta redução em ambos os procedimentos (RT ou PR) ocorreu em todas as cinco regiões brasileiras comparando os períodos Non-COVID e COVID. No geral, houve redução nos procedimentos de PR e RT em 92% (24/25) e 76% (19/25) dos estados avaliados, respectivamente.
Comparando a variação nacional de RT e RP entre os períodos COVID e Non-COVID, a cirurgia foi significativamente mais afetada (–29%) em comparação com a radioterapia (–18,6%), p = 0,03. A variação de RT e RP não teve relação significativa com a incidência de casos de COVID nos estados. As limitações incluem a não avaliação das combinações de tratamento, o impacto da radioterapia hipofracionada e outros fatores que influenciam a escolha do tratamento.
Conclusão: Durante a pandemia de COVID-19, o tratamento curativo do câncer de próstata com RP e RT foi abruptamente limitado e afetado, entretanto com um maior impacto na PR.
O artigo está disponível em: https://journals.viamedica.pl/rpor/article/view/90772
Dr. Gustavo Arruda Viani
Professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Departamento de Imagens Médicas, Hematologia e Oncologia da Universidade de São Paulo (FMRP-USP), Brasil.