O tratamento adjuvante para pacientes portadores de carcinoma espinocelular (CEC) de cabeça e pescoço submetidos a ressecção cirúrgica é recomendado quando existem fatores de risco. A adjuvância com radioquimioterapia é indicada se houver margem positiva e/ou extensão extranodal (EEN). Já a adjuvância exclusiva com radioterapia (RT) pode ser proposta se presente algum dos seguintes fatores: margem exígua, linfonodos acometidos, invasão perineural e invasão linfovascular. Diretrizes clínicas recomendam que a RT adjuvante (concomitante a quimioterapia ou não) deve ser iniciada dentro de 6 a 8 semanas após a ressecção cirúrgica, resultando em um tempo total de tratamento de 12 a 14 semanas, considerando o esquema convencional de RT. Tal recomendação se justifica baseada em estudos prévios, nos quais piores desfechos foram descritos quando tais intervalos de tempo foram ultrapassados.
O presente estudo é uma revisão retrospectiva que teve como objetivo avaliar a relação de tempo entre a cirurgia e o início da RT, considerando tal variável de forma contínua e não dicotômica (“dentro do prazo” X “fora do prazo”), associado à sobrevida. Para isso, foram incluídos 386 pacientes com diagnóstico de CEC de cabeça e pescoço, submetidos à cirurgia com intenção curativa, seguida de RT (com ou sem QT). Todos os estadios foram contemplados, sendo em sua maioria T4 (42%) e N3 (35%). Os pacientes foram tratados utilizando RT de arcos volumétricos (VMAT), predominando o seguinte esquema: 60Gy em leito e 54Gy em drenagem cervical eletiva (2Gy e 1,8Gy por fração, respectivamente). O desfecho primário foi sobrevida global.
Dos pacientes avaliados, 45,3% iniciaram a RT dentro de 6 semanas após a cirurgia e 82,1% dentro de 8 semanas. O único fator que demonstrou correlação com piora da sobrevida global foi a presença de comorbidades. Diversos outros fatores tumorais mostraram correlação com aumento da sobrevida:…