
As férias já estão quase na metade e, para que esse período seja de descanso e diversão, é preciso ficar alerta para evitar os indesejáveis acidentes domésticos, que estão entre as maiores causas de mortes de crianças e adolescentes com idade entre 0 e 14 anos. Dados do Ministério da Saúde revelam que, no ano passado, foram 8,6 mil, nessa faixa etária, o que corresponde a uma média de 23 óbitos por dia.
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De acordo com Mildred Costa, enfermeira e docente do curso de Medicina do Centro Universitário Max Planck (UniMAX Indaiatuba, com doutorado em Ressuscitação Cardiopulmonar, é preciso ter cuidado com as piscinas, por exemplo, que são responsáveis por 3% de todos os casos de óbito por afogamento, atingindo 59% da faixa entre 1 e 9 anos de idade, segundo dados da sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa). Os afogamentos em balneários, rios e piscinas causam 5,7 mil mortes por ano no Brasil. “Mesmo em tempos pouco mais frios, a gente sabe o quanto as crianças gostam de água e fazem uso da piscina, nos parques aquáticos ou no condomínio, por isso a necessidade de extrema atenção de pais e cuidadores”, destaca.
Como forma de prevenção, a principal dica é uma vigilância contínua da criança por parte dos adultos (como se fosse uma troca de plantão), evitando que em momento algum o pequeno fique sozinho na piscina. É importante ainda o local ter as barreiras de proteção, tais como cercas e portãozinho. Há ainda uma normatização dos ralos (NBR 10339/2018) para evitar incidentes por sucção. Os modelos antigos e fora dessa normativa são grandes responsáveis por mortes em piscinas, pois acabam puxando e prendendo a criança pelo cabelo ou pela roupa.
Ainda dentro da água, é importante que os pequenos fiquem próximos aos adultos, sendo o ideal ficar a um braço de distância.
“Em caso de afogamento, o primeiro passo é identificar o grau de gravidade (são seis níveis) até a chegada do resgate, observando se a criança está consciente ou espumando pela boca. Dependendo do caso, será necessário realizar a manobra de ressuscitação, com respiração boca-boca e massagem cardíaca, procedimento que pode ser aprendido e realizado por qualquer pessoa que saiba fazer a manobra”, orienta Mildred.
Queimadura
Outro acidente doméstico bastante comum entre as crianças é a queimadura, sendo o segundo trauma mais frequente na infância, atrás apenas do trauma craniano.
Para prevenir, é importante manter as crianças longe do fogão durante o seu uso. Dar preferência para o uso das bocas do fundo do fogão, evitando que os cabos das panelas fiquem para fora.
“Em caso de queimadura, o primeiro e mais importante passo é fazer o resfriamento, colocando o local atingido embaixo da água corrente no período de 5 a 10 minutos. A queimadura nada mais é que o excesso de calor na superfície do corpo e, se não houve a troca dessa temperatura, o calor continuará aprofundando a pele e vai alterar o grau da queimadura”, alerta a docente de Medicina da UniMaX.
Engasgamento
O engasgamento é um acidente sério entre crianças e merece toda atenção. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatra, a aspiração de corpo estranho ocorre pincipalmente em crianças do sexo masculino, na faixa etária entre 1 e 3 anos. Mais de 50% das aspirações ocorrem crianças menores de 4 anos e mais de 97% antes dos 7 anos.
A primeira prevenção é sentar a criança na hora de se alimentar, pois, comer enquanto se brinca ou corre aumentam-se as chances de engasgo. Se for bebê, evitar amamentar dentro do veículo em movimento, pois, dependendo do movimento, pode levar o leite ao pulmão e causar o engasgamento. Bebês com seis meses (período da introdução alimenta) podem engasgar também com alimentos cortados em pedaços maiores. Na fase de dentição, é recomendado cortar pedaços menores.
“É preciso tomar cuidados com brinquedos, principalmente aqueles que soltam peças. Outro perigo é ingestão de ração de cachorro que, em formato de bolinho, pode causar engasgos. Saber aplicar a manobra de Heimlich é essencial para o salvamento da criança nesses casos e o procedimento pode ser compreendido e aplicado por qualquer pessoa”, salienta Mildred.
Intoxicação
Outro acidente doméstico que ocorre com frequência com crianças é intoxicação causada pela ingestão de substância corrosivas, principalmente em produtos adquiridos a granel, cujo recipiente costumam ser garrafas plásticas de refrigerantes. Segundo dados do Ministério da Saúde, o número de mortes por intoxicação de crianças de 1 a 14 anos ocupa a sexta colocação.
Uma das formas de prevenção é evitar a compra desse tipo de produto no formato a granel que, por vir em garrafas pet, pode confundir a criança e induzi-la a acreditar que é um líquido consumível. É preciso ainda manter esse tipo de produto longe do alcance das crianças e não embaixo de tanques e pias como é de costume. Remédios e venenos para pragas devem ter o mesmo destino, ficando longe do alcance das crianças.
“Caso haja essa ingestão de produtos com substância corrosivas, é preciso levar a criança imediatamente a um pronto-socorro e o principal: jamais induzi-la ao vômito, pois o líquido ingerido voltará pelo mesmo caminho por onde ele entrou”, alerta a docente da UniMAX.
*Informações Assessoria de Imprensa