Na próxima segunda-feira, 03 de junho, é comemorado o Dia da Conscientização Contra a Obesidade Mórbida Infantil, que tem como principal objetivo chamar a atenção para os cuidados da alimentação nesta fase da vida, alertando para os riscos da doença que é crônica e afeta milhões de crianças, em todo o mundo.
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As mudanças no estilo de vida, com a adoção de hábitos mais sedentários, muito tempo dedicado ao uso de telas – celulares e computadores – além do maior consumo de alimentos mais práticos, como os industrializados, têm interferido nas dietas das crianças e adolescentes. Estes fatores se refletem no aumento da obesidade infantil e, de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), a alteração na disponibilidade e tipo de alimento consumido, associada a um declínio na atividade física da criança, tem resultado neste desequilíbrio energético e, consequentemente, maior índice de obesidade.
Dados do Atlas Mundial da Obesidade 2024, lançado pela Federação Mundial de Obesidade, aponta que o Brasil pode ter até 50% das crianças e adolescentes, entre 5 e 19 anos, com obesidade ou sobrepeso em 2035.
Segundo o documento, a taxa anual de crescimento da doença neste grupo, entre 2020 e 2035, será de 1,8%. Em 2020, a prevalência de crianças e adolescentes com IMC (Índice de Massa Corporal) atingia 34%, com mais de 15 milhões de indivíduos. A previsão para 2035, é que chegue a 50%, o que representa mais de 20 milhões de obesos ou com sobrepeso.
É importante destacar que os hábitos alimentares das crianças são formados ainda na gestação e precisam de atenção, principalmente, nos primeiros anos de vida. Este cuidado pode evitar que se tornem adultos obesos ou com sobrepeso.
“Hoje, estudos mostram que questões ligadas a saúde do pai e da mãe, antes da concepção, impactam na saúde da criança no futuro e é importante orientar o casal sobre o que deve fazer para que o espermatozoide e o óvulo carreguem informações boas”, observa o Dr. Carlos Alberto Nogueira-de-Almeida, Doutor em Saúde da Criança, Mestrado e Doutorado pela USP, Prof. na UFSCar/SP e Diretor do Departamento de Nutrologia Pediátrica da ABRAN.
Para o especialista, é essencial considerar se a mãe e o pai são obesos ou desnutridos e fumantes, por exemplo, pontos relevantes até mesmo quando se opta por fertilização em vitro. “Tudo pode impactar na qualidade do espermatozoide e do óvulo e, consequentemente, na formação do embrião que será gerado e que já poderá carregar alguns problemas de saúde, inclusive o risco da obesidade”, alerta.
Por isso, os cinco primeiros anos de vida são fundamentais para o estabelecimento da saúde da criança, pois o processo de crescimento depende da oferta nutricional apropriada. “Também vale ressaltar que muitas doenças crônicas não-transmissíveis têm seu início no começo da vida e, quase sempre, são consequências de uma alimentação inadequada. Alimentos e nutrientes são a base para a construção de todos os órgãos e sistemas, além de terem papel na expressão gênica, através de processos epigenéticos”, explica Carlos Alberto Nogueira de Almeida, também um dos autores do Manual de Alimentação da Criança – de Zero a Cinco Anos, recém-lançado.
O trabalho está disponível, gratuitamente, para download em https://abran.org.br/publicacoes/manuais
*Informações Assessoria de Imprensa