ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia
Probióticos em Doenças Críticas: Uma Revisão Sistemática e Meta-análise de Ensaios Controlados Randomizados
A doença crítica perturba o microbioma hospedeiro, criando o que tem sido chamado de “patobioma” ou disbiose através de uma combinação de mecanismos, incluindo supercrescimento bacteriano patogênico, aumento da permeabilidade gastrointestinal, efeitos iatrogênicos inadvertidos de agentes como narcóticos, antibióticos, antiácidos, bem como a resposta inflamatória de defesa do hospedeiro. A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu probióticos como “microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem um benefício à saúde do hospedeiro”. Demonstrou-se que os probióticos suprimem a produção de citocinas gastrointestinais, estimulam uma camada protetora de muco, previnem a apoptose intestinal e reduzem o supercrescimento bacteriano patogênico.
Os prebióticos são um ingrediente alimentar não digerível que estimula o crescimento de bactérias no cólon. Os simbióticos combinam prebióticos e probióticos e podem agir sinergicamente. Um estudo controlado randomizado (ECR) de 4.556 recém-nascidos saudáveis na Índia rural descobriu que os simbióticos diminuíram o risco relativo combinado (RR) de sepse e morte em 40% e o risco de infecções do trato respiratório inferior em 34% quando comparados com placebo. Se esses mecanismos fisiológicos sinérgicos levam à prevenção de infecções hospitalares em pacientes internados na UTI permanece incerto.
ECRs anteriores demonstraram efeitos variáveis de probióticos em resultados importantes do paciente neste cenário. Uma meta-análise recente de 30 ensaios clínicos randomizados (n = 2.972 pacientes) em pacientes críticos mostrou que os probióticos foram associados a uma redução geral de infecções (razão de risco [RR], 0,80; IC 95%, 0,61–0,90), incluindo pneumonia associada (PAV) (RR, 0,74; IC 95%,…