Na última sexta-feira (25), a Associação Paulista de Medicina promoveu mais uma edição do seu tradicional Cine Debate. O filme escolhido para a ocasião foi “Dersu Uzala”, abordando o tema “Fazer o bem não interessa a quem”. Como de costume, o evento teve moderação de Wimer Bottura, psiquiatra, psicoterapeuta e coordenador do Cine Debate desde 1997. Os debatedores convidados foram a psicóloga e psicanalista Marina Miranda e o jornalista José Francisco Botelho.
Com direção do renomado cineasta japonês Akira Kurosawa, o longa traz a história do capitão Vladimir Arseniev que, juntamente com uma pequena tropa, é enviado pelo governo russo para explorar e reconhecer as montanhas da Mongólia. Em meio à expedição, eles encontram Dersu Uzala, um caçador que vive nas florestas. Ao perceber que Dersu conhece bem o local, ele é convidado para acompanhar a tropa até o término da missão, o que marca o início de uma grande amizade entre ele e o capitão.
Os rastros de Kurosawa
Dando início ao debate, Marina Miranda destacou que “nós vamos sonhar o sonho de Akira Kurosawa”, porque o longa é baseado em uma história real, contada no livro de memórias do capitão russo Vladimir Arsenyev. O livro, lançado em 1923, traz a história de duas expedições que foram realizadas pelo exército russo.
De acordo com a debatedora, a primeira cena é importante para a compreensão da obra. É ali, afirma, que o diretor deixa pequenos rastros do que está querendo mostrar. O momento em questão se passa em 1910, quando o capitão volta ao local no qual Dersu foi enterrado três anos antes, em busca de sua sepultura.
Nessa primeira cena, a psicanalista complementa que ficam evidentes as duplicidades que vão aparecer no filme: “A questão da morte e vida, sempre acompanhadas do cenário e da fotografia. Os galhos secos e as árvores cortadas…