Com a imunização durante a gravidez, as mães podem proteger seus bebês, ainda na barriga, contra diversas doenças infecciosas como a coqueluche, o tétano e a hepatite B. Outras vacinas são especialmente recomendadas nas gestantes para prevenir doenças que podem impactar mais severamente na saúde da grávida como são as vacinas para a gripe e a COVID-19. Os imunizantes estão disponíveis gratuitamente nos postos de saúde de todo o país, além das unidades privadas de vacinação.
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Segundo Lessandra Michelin, infectologista e gerente médica de vacinas da GSK, a imunização materna é um recurso importantíssimo para iniciar a proteção do filho ainda no útero. “As vacinas recomendadas para as gestantes são seguras e visam exatamente a proteção das mães e bebês. Estes imunizantes são todos inativados, ou seja, são compostos por vírus ou bactérias mortos. Dessa forma, não apresentam riscos de causar infecção na gestante e no bebê. Com a vacinação, o corpo da mãe é estimulado a produzir anticorpos que são transferidos para o bebê através da placenta. Esses anticorpos que passam para o bebê, ainda em desenvolvimento, são fundamentais nos primeiros meses de vida, especialmente enquanto ele não tem ainda idade suficiente para receber as doses de rotina”, destaca.
No Brasil, o calendário habitual da gestante conta com quatro vacinas: a dTpa, que protege contra difteria, tétano e coqueluche; a dT que imuniza contra difteria e tétano; a vacina hepatite B; e a influenza (contra gripe). Além dessas, atualmente a vacinação contra a COVID-19 também está recomendada. 6,13 Todas são oferecidas gratuitamente nos postos de saúde, pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde.
Além da vacinação durante a gravidez, as mulheres que planejam engravidar também devem se atentar para a atualização da caderneta vacinal, garantindo a imunidade contra doenças que são preveníveis através da vacinação, mas que são contraindicadas durante a gestação.
Lessandra explica um pouco mais: “Vacinas contra catapora, sarampo, caxumba, rubéola e HPV, por exemplo, são geralmente contraindicadas às gestantes e, por isso, devem ser administradas antes da gravidez e/ou no puerpério, mesmo que a mãe esteja amamentando. Após o nascimento do bebê, a vacinação materna é fundamental para quem não se imunizou antes, tanto para a proteção individual da mãe quanto para evitar a transmissão de doenças dela para o bebê. Já o bebê deve seguir o calendário de vacinação de crianças para gerar a sua própria proteção”.
Engravidei de novo, e agora?!
Segundo a infectologista, a quantidade de anticorpos que você tem no corpo depois de ser vacinado diminui com o tempo, por isso algumas vacinas devem ser repetidas a cada nova gestação, para proteger aquele novo bebê que está sendo gerado.
“Quando você recebe uma vacina durante uma gravidez, seus níveis de anticorpos podem não permanecer altos o bastante para fornecer proteção suficiente para futuras gestações, mesmo que seus bebês tenham idades próximas. Mas não é necessário realizar todas as vacinas de novo. As vacinas necessárias a cada gestação são dTpa, contra difteria, tétano e coqueluche, e da gripe. Uma dose da vacina dTpa é recomendada a partir da 20ª semana, já a vacina contra a gripe deve ser tomada anualmente”, esclarece.
A coqueluche é uma doença altamente contagiosa, que afeta principalmente crianças menores de um ano, podendo ser fatal. Ela é transmitida por gotículas contaminadas pela bactéria Bordetella pertussis ao tossir, espirrar ou até mesmo falar. Em adultos costuma manifestar sintomas como mal-estar geral, secreção nasal, tosse seca e febre baixa, podendo ser confundida com outros quadros respiratórios, e com frequência não é diagnosticada. Nos lactentes e nas crianças pequenas, que são o grupo mais vulnerável, a tosse é o sintoma que mais se destaca, podendo avançar para um quadro grave comprometendo a respiração, e até provocar vômitos e cansaço extremo. Além disso, mais de 90% das crianças menores de 2 meses com a doença são hospitalizadas devido a complicações.
Lessandra alerta sobre os perigos da coqueluche em crianças menores de um ano de idade, especialmente nos primeiros seis meses de vida: “Antes dos seis meses de vida, os bebês ainda não completaram a maioria dos esquemas primários de vacinação e, com isso, são mais suscetíveis a infecções. Seguindo as recomendações de vacinação da gestante, a mãe pode ajudar a proteger o recém-nascido através da transferência de anticorpos dela para o bebê durante a gravidez, através da placenta. Assim, quando o bebê nasce, ele já tem alguma proteção oferecida pela mãe enquanto produz seus próprios anticorpos”.
O Ministério da Saúde, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) e a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) recomendam a vacinação com dTpa a partir da 20ª semana de gestação, a cada gestação. OMS também dispõe de recomendações para gestantes nunca vacinadas ou com o histórico vacinal desconhecido. Nesse caso, recomenda-se uma dose de dTpa e duas doses com a dT.
A infectologista complementa ainda sobre a importância da vacinação contra a coqueluche das pessoas que irão conviver com o bebê de forma mais próxima, como pai, irmãos, avós e babá.
“Como a mãe é, normalmente, a pessoa que fica mais próxima durante os primeiros meses de vida do bebê, geralmente ela é a principal transmissora da coqueluche em lactentes, sendo responsável por aproximadamente 39% dos casos, segundo um estudo. Mas as outras pessoas que irão conviver com o bebê de forma mais próxima também oferecem riscos e podem transmitir a doença”, afirma.
“Diferentemente da imunização materna, em que a mulher deve se vacinar contra a coqueluche a cada gravidez, para os familiares nunca vacinados ou com o histórico vacinal desconhecido, recomenda-se uma dose de dTpa e duas doses de dT, para garantir três doses do componente tetânico. Reforços a cada 10 anos com dTpa são recomendados após o esquema inicial”, explica a especialista.
*Informações Assessoria de Imprensa