SOBRE UM MÉDICO HUMANISTA
Isac Jorge Filho partiu… Fico emocionado ao lembrar-me dele, ao lembra-me de nossa convivência fraterna durante tantos anos e ao lembrar-me de uma cerimônia solene no Capítulo de São Paulo do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, quando esse eminente e nobre cirurgião foi merecidamente homenageado com a outorga do Prêmio Benedicto Montenegro, honraria máxima do Capítulo de SP.
Naquela ocasião, na saudação a esse cirurgião (que reproduzo abaixo), eu lembrava aos presentes que, nestes tempos de desumanização, ser médico era um privilégio para poucos. Ser médico implica em ter a vocação, o dom, as condições financeiras e intelectuais para completar um curso difícil, longo e caro; implica ainda em disposição para suportar longas horas de estudo, dias e noites de trabalho e treinamento e, depois de tudo isso, a convivência com o cansaço físico, o sofrimento humano e a morte. E Isac Jorge enfrentara tudo isso com a paciência, a serenidade e a competência extraordinária de que era dotado para se tornar o médico dedicado, o cirurgião exímio, o mestre e o amigo de uma miríade de estudantes, residentes e outros médicos mais jovens.
Eram por esses motivos que estávamos todos ali, testemunhando a demonstração do reconhecimento de uma entidade por um homem que não era seu filho de nascimento, mas que havia adotado São Paulo como sua terra e trazido enormes contribuições para a terra e para sua população, se tornando um filho do qual todos nos orgulhamos e reverenciamos. E hoje, quando ele nos deixa, com a sua partida fica a bela lembrança de seu legado para as gerações médicas que ele formou e que, certamente, transmitirão às próximas que virão os exemplos de comportamento ético e humanista do cirurgião exímio, pesquisador sagaz, mestre exemplar e amigo carismático de todas as horas.
Querido Isac, receba nossa eterna gratidão e imensa saudade. Descanse caro…
