O câncer é uma doença cercada de estigma que afeta a saúde mental dos pacientes. Após o choque de receber o diagnóstico, o paciente começa a sentir ansiedade e angústia por causa da incerteza do que está por vir. Passada a fase inicial, entre 22 e 29% deles são tomados pela depressão, cujo grau varia de acordo com o local do tumor, do estágio da doença, da dor e das limitações físicas, além da existência de suporte social. Terapias integrativas vêm sendo indicadas como alternativas não farmacológicas para tratar os transtornos psiquiátricos. Entre elas estão a meditação, yoga, técnicas de respiração, musicoterapia e o relaxamento.
A Sociedade Americana de Oncologia Clínica e Sociedade de Oncologia Integrativa criaram diretrizes para a aplicação dessas terapias com base em 110 estudos – 30 revisões sistemáticas e 80 ensaios clínicos – realizados entre 1990 e 2023. “As terapias melhoram não só a saúde mental do paciente, como também o resultado do tratamento e o prognóstico da doença”, afirma o oncologista Alexandre Palladino, da Oncologia D’Or.
Pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, revelaram que 66,5% dos sobreviventes do câncer daquele país já usaram essas terapias juntamente com o tratamento convencional. Na Austrália, um estudo de revisão apontou que a prática do yoga teve efeitos significativos em pacientes oncológicos, aliviando a depressão e a ansiedade. Já a meditação melhorou o bem-estar emocional e reduziu estresse, a angústia, a depressão e a ansiedade de pacientes com câncer, conforme demonstrado por uma revisão sistemática e meta-análise de 14 ensaios clínicos, envolvendo 1.505 indivíduos nos Estados Unidos.
Para o oncologista Alexandre Palladino, o diagnóstico do câncer provoca grande impacto no indivíduo porque deixa claro a finitude da vida, que é negada como um mecanismo de defesa. Por isso, o médico precisa acolher o paciente e mostrar que o tratamento não se restringe à cirurgia, quimioterapia e radioterapia, mas é um processo mais amplo, que envolve uma equipe multidisciplinar formada por psicólogos, nutricionistas e outras especialidades.
“Mesmo nos casos da doença avançada, quando não há mais possibilidade de se usar muitos recursos, o médico precisa dar suporte emocional para que o paciente saiba que está sendo acompanhado neste momento difícil”, explica. Esse comportamento vai ao encontro da tendência atual da Medicina que é tratar o paciente de uma forma mais ampla, abrangendo os aspectos psicossociais desde o diagnóstico até o tratamento.
Daí a importância do apoio social ao paciente. Um estudo da Universidade de Málaga, na Espanha, com 200 pessoas com câncer, apontou que o apoio emocional da família reduz o estresse percebido pelo paciente. A satisfação com o apoio emocional do parceiro, de amigos e familiares também aumenta a sua qualidade de vida.
Os grupos de apoio, formados por pacientes, também são fundamentais para manter a saúde mental desses indivíduos. Situações que alteram a imagem podem desencadear a depressão, como a queda de cabelo causada pela quimioterapia ou a disfunção erétil provocada pelo tratamento hormonal no câncer de próstata. “Nos grupos de apoio, o paciente vai conviver com pessoas que passam pelos mesmos problemas e trocar experiências que poderão ser muito úteis na sua jornada contra o câncer”, conclui Alexandre Palladino.
*Informações Assessoria de Imprensa