Câncer antes dos 40: Especialista compartilha 3 tópicos que os pacientes mais jovens com a doença querem saber

câncer
(Foto: Freepik)

A experiência da Allison Rosenthal ao enfrentar um diagnóstico de leucemia enquanto estava na faculdade de medicina a inspirou a seguir uma carreira no combate ao câncer. Isso também lhe deu uma visão mais profunda sobre os aspectos da vida com câncer para pessoas com menos de 40 anos. Atualmente, Rosenthal está entre os líderes de uma iniciativa do Centro Oncológico Integral da Mayo Clinic para ajudar jovens adultos e adolescentes mais velhos a receber os cuidados e apoio adequados à sua faixa etária. Neste alerta do especialista, a Dra. Rosenthal compartilha três tópicos que os jovens com câncer costumam querer discutir com suas equipes de saúde.

“Tenho uma grande paixão e motivação para cuidar dos nossos pacientes jovens com câncer,” diz. “Essas são algumas das pessoas que mais precisam de apoio após o tratamento.”

Leia também – No Brasil, uma em cada três mulheres diagnósticadas com câncer de mama tem menos de 50 anos

Os avanços nos tratamentos contra o câncer tornaram muitos dos tipos mais comuns entre os jovens altamente tratáveis e, muitas vezes, curáveis, afirma a Dra. Rosenthal.

Em todo o mundo, cerca de 1,3 milhão de pessoas entre 15 e 39 anos foram diagnosticadas com câncer em 2022, de acordo com as estatísticas mais recentes disponíveis da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer. Os tipos mais comuns nessa faixa etária foram o câncer de mamade tireoidecervicalde testículode ovário, cânceres no sangue (leucemias e linfomas) e colorretal, de acordo com os dados da agência.

Embora o controle da doença a longo prazo ou a cura sejam o objetivo, concluir o tratamento não significa necessariamente que a experiência de um jovem com o câncer tenha terminado, acrescenta.

“Isso significa que muitos pacientes adolescentes ou jovens adultos com câncer acabam vivendo por muitos anos, tendo que conviver com os desafios da sobrevivência ao câncer por décadas,” diz Rosenthal, hematologista e oncologista da Mayo Clinic em Phoenix. “Há o impacto emocional que acompanha a experiência com o câncer, e isso pode ser significativo enquanto tentam seguir em frente com suas vidas. E também existem os efeitos físicos e o impacto duradouro dessa vivência.”

Além de ser um período de transição do atendimento médico pediátrico para o adulto, o final da adolescência e o início da vida adulta geralmente são momentos de grandes mudanças na vida, o que adiciona desafios ao combate ao câncer. O programa para adolescentes e jovens adultos com câncer “é baseado na ideia de que centralizar os cuidados nas necessidades únicas desse grupo melhora sua experiência e seus resultados,” explica Rosenthal. Além do feedback de cada paciente, o programa conta com um conselho consultivo de pacientes, cujos participantes compartilham o que é importante para eles.

“Temos tentado priorizar nosso trabalho com base no feedback que recebemos dos pacientes que estão passando por essa experiência,” afirma.

A Dra. Rosenthal observou que perguntas sobre estes três tópicos costumam estar na mente de pacientes no final da adolescência e na faixa dos 20 e 30 anos, durante e após o tratamento contra o câncer:

“Existem diretrizes e recomendações sobre escolhas de estilo de vida, incluindo a prática de exercícios, mas é um pouco difícil ter acesso a essas informações e se comprometer a segui-las por conta própria,” explica.

“Quando seus colegas seguem em frente, é importante que não se sintam deixados para trás,” explica.

“Para muitas pessoas, é algo difícil de lidar,” diz. “Pode ser desconfortável perguntar sobre isso. É difícil falar com os colegas a respeito. Estamos trabalhando muito para entender o que podemos fazer, de forma proativa, para oferecer o melhor apoio possível.”

A fertilidade pode ser afetada pelo câncer e pelo tratamento, tornando essenciais as conversas sobre preservação da fertilidade.

Outra prioridade do Programa para Adolescentes e Jovens Adultos com Câncer  é o planejamento de cuidados antecipados. Para pessoas mais velhas com câncer avançado, a introdução precoce dos cuidados paliativos costuma ajudá-las a viver mais e com melhor qualidade de vida, observa Rosenthal. A mesma abordagem pode beneficiar pacientes mais jovens.

“Estamos trabalhando em um projeto de planejamento de cuidados antecipados voltado para jovens com cânceres avançados, com o objetivo de empoderá-los para que eles possam expressar suas vozes enquanto ainda há tempo para isso, e não ter isso tirado deles também,” diz Rosenthal. “Eu sei que ainda há muito a ser feito. Resultados a longo prazo, sobrevivência, qualidade de vida — tudo isso é muito importante.”

O programa adota uma abordagem multidisciplinar, envolvendo especialistas em câncer, assistentes sociais, psicólogos da saúde, além de orientadores financeiros e vocacionais.

“Temos muita sorte da maioria dos jovens adultos em tratamento contra o câncer evoluírem bem a longo prazo; haverá muitos sobreviventes a longo prazo,” diz Rosenthal. “Mas, se não prestarmos atenção aos efeitos colaterais dos tratamentos a longo prazo, à qualidade de vida e ao acompanhamento contínuo da saúde, então não estaremos oferecendo a esses pacientes o cuidado completo que eles realmente merecem.”

As estatísticas globais, regionais e nacionais sobre o câncer em pessoas com idades entre os 15 e 39 anos estão disponíveis aqui.

*Informações Assessoria de Imprensa