A volta às aulas na pandemia, que está mobilizando pais e professores no mês de fevereiro em várias regiões do país, também chama atenção de médicos e outros especialistas. O retorno às atividades presenciais ainda divide opiniões, mesmo com protocolos definidos para a prevenção à Covid-19 em várias regiões.
Para a cardiologista infantil e médica do exercício e esporte do Hospital Edmundo Vasconcelos, de São Paulo (SP), Silvana Vertematt, é preciso reforçar a atenção aos cuidados que este processo demanda, não somente no ambiente escolar, mas também com a necessidade de um rastreamento eficaz para impedir uma propagação maior da Covid-19.
Leia também – Vacina contra Covid-19, crianças e volta às aulas: muitas questões e poucas respostas
Leia também – Crianças e coronavírus: riscos, sintomas e outros reflexos
De acordo com ela, nesse novo passo deve-se levar em consideração episódios já vivenciados em outros países para maior segurança. “Dados recentes publicados na Inglaterra, a partir do relatório do sistema público de saúde, apontam que 26% dos grupos investigados e com infecções estavam ligados a transmissões em creches, escolas primárias e secundárias, sugerindo que as escolas que permaneceram abertas durante o lockdown de novembro podem ter influenciado na crescente taxa de infecção no país”, explica.
A fim de evitar essa cena no Brasil, a médica alerta para a importância de seguir na prática os protocolos definidos para evitar a contaminação. “É preciso de medidas efetivas no dia a dia, que envolvem distanciamento social, higienização, materiais de proteção individual e higiene para alunos e funcionários, redução do número de alunos em sala, e claro, o rastreamento – processo que quando bem definido e executado pode ajudar na investigação de casos domiciliares”, enfatiza.
Dentre as medidas do rastreamento está a suspensão da presença de alunos ou colaboradores que apresentem qualquer sintoma gripal ou tenham tido contato com alguém com suspeita de estar com Covid-19, mesmo sem o exame positivo. “Essa é uma importante ação para evitar a disseminação do vírus no ambiente escolar. O indicado é que nestas situações seja feito o afastamento de no mínimo 10 dias”, afirma Silvana Vertematti.
A médica frisa que é importante lembrar que os cuidados não se restringem à escola: é preciso seguir com a prevenção também em casa. É indispensável, por exemplo, retirar a roupa imediatamente após chegar e colocá-la para lavar. Assim como é essencial fazer a higienização dos calçados e do material escolar ou de trabalho, no caso dos professores. A médica ainda adiciona outro cuidado a essa lista: o banho e a lavagem do rosto com sabonetes não irritativos aos olhos e a lavagem dos cabelos.
A médica esclarece ainda a importância das escolas no enfrentamento ao estresse tóxico causado pelas restrições da pandemia as crianças e adolescentes, mas reforça o alerta sobre a responsabilidade e prudência na retomada. “Apesar de estudos relacionados à baixa transmissibilidade e pouco número de casos graves nesta população, há de se ter certeza que as normas de segurança serão aplicadas assertivamente e que a abertura nas escolas realmente não terá impacto em um número maior de infecções”, conclui.
Leia também – Crianças e volta às aulas: alerta sobre peso de mochilas e postura adequada
Leia também – Isolamento social aumenta casos de miopia em crianças