Você possui o fator que pode duplicar os agravos da Covid-19?

A pandemia da Covid-19 ainda está presente e sem prazo para acabar. Enquanto não tivermos boa parte da população vacinada e o vírus controlado, teremos que manter as medidas protetivas de lavar frequentemente as mãos, usar máscara e respeitar o distanciamento físico, orientações que nos acompanham há mais de um ano. E se eu lhe falar que existe um fator que pode aumentar em 2.5 vezes a chance de morrer de Covid-19, além de aumentar em mais de duas vezes a chance ser hospitalizado pela doença, e esse fator não são comorbidades como diabetes ou obesidade. Qual seria o seu palpite?  

Não, não estou falando de aglomerações e festas clandestinas, e sim da “famosa” atividade física, ou melhor, da falta dela. Um estudo recente publicado na British Journal of Sports Medicinerealizado com cerca de 50 mil adultos, verificou que a inatividade física tem um forte impacto nos desfechos negativos da Covid-19. Ou seja, quem não pratica atividade física pode ter 2.5 vezes mais chance de vir a óbito desta doença do que pessoas regularmente ativas (aquelas que se exercitam a partir de 150 minutos por semana), e pode ter 2.2 vezes mais chance de ser hospitalizado.

 

Embora esse seja o maior estudo do assunto até o momento, não é o único e, invariavelmente, os resultados indicam esse mesmo fator protetivo da prática de atividade física em relação a este novo vírus.  

Alguns leitores podem estar pensando: “nossa, mas eu vi que atletas morreram de Covid-19” ou “conheço uma pessoa que praticava esportes, tinha hábitos saudáveis e faleceu por um agravamento da doença”. Pois é, ninguém está isento de ter complicações graves e falecer desta ou de qualquer outra doença, infelizmente. Contudo, não se deve tratar as exceções como regra. O que aponta a ciência, até o momento, é que praticar atividade física e esportes regularmente reduz os agravos da Covid-19.  

Os que ainda não se exercitam, por diversos motivos, é importante que saibam que a proteção e os benefícios adquiridos com a movimentação do corpo vão muito, mas muito além da Covid-19, incluindo a prevenção e tratamento das tão faladas comorbidades ou doenças crônicas que são as principais causas de morte no mundo. Vale ressaltar que a atividade física é um hábito, ou seja, é algo construído dia a dia, uma mudança simples que leva à outra mudança simples até que o conjunto de ações crie um padrão. 

Para quem não sabe como começar, inicie com atitudes pequenas como usar as escadas do prédio ao invés do elevador; deixar o carro em casa e ir caminhado até o mercado; fazer aquela “faxina pesada” semanal ou, aos mais arrojados, praticar o esporte favorito, dançar, fazer academia, etc. Qualquer movimento conta e pouco é melhor do que nada, o comportamento ativo deve fazer parte da sua rotina nas diferentes esferas. E praticar sempre que puder trará benefícios progressivamente.

Fuja das estatísticas e use esse momento de mudanças tão drásticas para adotar um hábito que ajude a prevenir um arsenal de doenças, ou as possíveis complicações delas (inclusive a Covid-19). Seja você também um adepto do deslocamento ativo (caminhar ou pedalar para se locomover). Ao colocar o corpo para praticar exercícios físicos e esportes, sentirá os efeitos positivos e a melhor disposição em um curto período de tempo.  . 

 

*Rafael Luciano de Mello é mestrando em Atividade Física e Saúde e especialista em Treinamento Desportivo e Prescrição do Exercício. É professor de Linguagens Cultural e Corporal no curso de Educação Física do Centro Universitário Internacional UNINTER 

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