Embora a variante Gama do coronavírus – identificada primeiramente no Amazonas – ainda seja predominante no Brasil, casos de infecção pela cepa Delta se multiplicam no país e já se fazem notar, por exemplo, no estado do Rio de Janeiro. Mas quais as diferenças entre as variantes Delta e Gama? Alguma delas é mais transmissível ou pode provocar casos mais graves?
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O médico e professor de Infectologia do Centro Universitário São Camilo, Robert Fabian Crespo Rosas, cita abaixo as principais diferenças entre as variantes Delta e Gama.
Qual das duas variantes é mais transmissível?
“A variante Delta é mais transmissível. Isso tem sido observado a partir de estudos, onde nota-se que pacientes que foram infectados pela variante Delta têm uma maior concentração de vírus, tanto na orofaringe quanto nas vias respiratórias de uma forma geral. Ou seja, o vírus se multiplica muito mais – segundo análises, de quatro a cinco vezes mais que as variantes anteriores.
Esses resultados foram corroborados por um estudo recente feito na Coreia do Sul, onde dosaram a quantidade de vírus presente no sangue de indivíduos infectados pela variante Delta, comparando aos infectados com outras variantes ao mesmo tempo. Viram que a quantidade de vírus presente na corrente sanguínea de indivíduos infectados pela variante Delta é trezentas vezes maior que o das pessoas contaminadas por outras variantes. Esse fato de a variante ter uma grande multiplicação viral dentro do organismo de uma pessoa faz com que ela possa eliminar mais vírus no ambiente, o que permite transmitir para mais pessoas.”
Alguma dessas variantes pode causar casos mais graves?
Entre as principais diferenças entre as variantes Delta e Gama está a agressividade da “nova cepa”, de acordo com o professor. “A segunda diferença fundamental entre a Gama e a Delta é que essa nova variante parece ser mais agressiva, ou seja, é capaz de criar casos mais graves. Isso ainda não foi totalmente provado, apesar dos surtos que têm acontecido no mundo. A Delta já é a variante predominante nos Estados Unidos, na Índia e no continente europeu. Aparentemente, segundo estudos realizados em todas essas regiões, percebe-se que mais pessoas adoecem e acabam desenvolvendo formas mais graves da doença.”
E quanto ao efeito das vacinas sobre essas variantes?
“Outra grande diferença está no fato de que a capacidade de multiplicação desse vírus, tanto no indivíduo não-vacinado quanto no vacinado, é a mesma. Observaram que a replicação da variante Delta no paciente não-vacinado e no vacinado com as duas doses é exatamente igual. Assim, as pessoas podem se perguntar ‘por que eu me vacinei então, se o vírus se multiplica em mim da mesma forma?’.
A diferença entre quem tomou e quem não tomou a vacina é que o indivíduo vacinado tem uma redução rápida na quantidade de vírus no organismo, no decorrer de sete a oito dias. O mesmo não ocorre em quem não se vacina. Por isso, caso seja infectado com o coronavírus estando imunizado, você tem uma queda rápida da quantidade de vírus no corpo até que não haja mais danos ao organismo.”
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