Velhice poderá ser classificada como doença a partir de 2022

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Na última quinta-feira (15), a Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa da Câmara dos Deputados realizou uma audiência pública para discutir a inclusão da velhice na Classificação Internacional de Doenças (CID), pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

 

A CID é uma tabela de códigos publicada pela OMS que padroniza os diagnósticos. Repare que quando você vai ao médico e o mesmo solicita exames, o pedido contém um código que classifica os seus sintomas ou doença, essa é a CID. O código também tem como objetivo classificar as causas de internação de pacientes e de morte nos atestados de óbito.

 

Entre os participantes da discussão na Câmara dos Deputados, estavam médicos, epidemiologistas, gerontólogos e especialistas, que discordaram da proposta e demonstram preocupação com a inclusão da velhice na CID 11.

 

Para a professora do curso de Tecnologia em Gerontologia do Centro Universitário Internacional Uninter, Fabiana da Silva Prestes, essa mudança causará grandes impactos na sociedade. “Em primeiro lugar, a proposta não é clara em relação a partir de qual idade a pessoa será considerada “velha”, a ponto de ser diagnosticada pelo novo CID. Por exemplo, uma pessoa de 60 anos, por alguma comorbidade, infelizmente, pode perder sua autonomia e independência, enquanto uma pessoa de 80 anos se mantém ativa”, explica a especialista.

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Haverá também, uma série de interferências no tratamento e na pesquisa de problemas relacionados à saúde. “Colocando a velhice na CID, não haverá indicadores claros sobre a causa da doença ou da morte. Assim, não será preciso investigar, acompanhar o progresso da doença e nem um trabalho de prevenção ou rastreio. Cairão as causas de mortes por doenças que necessitem de acompanhamento e pesquisa, e aumentará o número de mortes por velhice”, destaca Fabiana.

 

A sociedade também será impactada nos investimentos em políticas públicas, pois sem dados epidemiológicos, não haverá prevenção para doenças com causas evitáveis.

 

Não podemos esquecer do possível aumento de preconceito contra a população idosa, diante de uma constatação errônea de que ser velho é ser doente.  Neste cenário, mesmo o idoso independente e que possui boa saúde será tratado como frágil.

 

Questões éticas e bioéticas também podem ser deixadas de lado. Se um idoso morre, seja por um acidente, negligência ou maus tratos, isso pode não ser investigado como devido e, apenas, apontar a causa da morte como velhice.

 

Porém, há quem ganhe com tudo isso, como exemplo, a indústria farmacêutica, da beleza e do antienvelhecimento, onde doenças se tornam produtos. “As pessoas irão preferir comprar a ‘fórmula da juventude’ ao invés de investir no envelhecimento ativo e saudável”, conclui Fabiana.

 

Nós, enquanto sociedade, devemos ficar alertas e acompanhar as assembleias e discussões sobre o tema. Afinal, iremos desfrutar de tais decisões um dia. 

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Cunho
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