Veganismo: estilo de vida do futuro?

No dia 1º de novembro foi comemorado o Dia Mundial do Veganismo. Para quem é leigo no assunto é interessante esclarecer que veganos são as pessoas que não consomem qualquer produto de origem animal, não só alimentos. Diferente dos vegetarianos que não consomem carnes, mas podem consumir outros produtos de origem animal como ovos, laticínios, cosméticos testados em animais, peças de vestuário produzidos com couro, entre outros.

Todos sabemos que o mundo atravessa uma crise climática, devido à alta emissão de gás carbônico e outros gases responsáveis pelo efeito estufa, resultando em aumento da temperatura global e escassez de água.

Mas qual a relação desta crise com o veganismo? Grande parte destes problemas ambientais se deve à produção dos alimentos de origem animal. De acordo com um estudo da Universidade de Oxford (Analysis and valuation of the health and climate change cobenefits of dietary change), divulgado em 2016, 25% das emissões de gases do efeito estufa são decorrentes da produção de alimentos, sendo que 80% destas emissões estão associadas à produção animal.

As doenças crônicas não transmissíveis, como as cardiovasculares, diabetes mellitus tipo 2, câncer, entre outras, são um grave problema de saúde pública mundial. Estas doenças estão reconhecidamente associadas aos hábitos alimentares não saudáveis. Neste mesmo estudo de Oxford foram avaliadas populações submetidas com dietas vegana, vegetariana e tradicional. Nos grupos veganos e vegetarianos foi observada uma menor incidência destas doenças. Ou seja, é evidente o prejuízo à saúde causado pelo consumo de alimentos de origem animal e seus derivados.

O estudo ainda indica que uma mudança alimentar, reduzindo ou eliminando os alimentos de origem animal, poderia salvar em torno de 5 milhões de vidas por ano. Além disso, a obesidade e o sobrepeso resultantes do consumo excessivo de calorias, fortemente associado à mortalidade por doenças crônicas, são observados principalmente entre pessoas que não são veganas ou vegetarianas.

Sendo assim, a mudança para dietas com menos alimentos de origem animal e com um aumento na ingestão de frutas e vegetais resultaria em grandes benefícios para a saúde. De acordo com Tilman e Clark (Global diets link environmental sustainability and human health), há um consenso global que a mudança de hábitos alimentares pode trazer benefícios não só para a saúde e meio ambiente, mas para a economia também. O estudo, de 2014, mostra que o impacto econômico resultante dos benefícios para a saúde das dietas com mais vegetais é comparável, e podendo até exceder, ao impacto econômico dos benefícios ao meio ambiente.

Se continuarmos seguindo este caminho, provavelmente em breve, talvez o veganismo não seja apenas um estilo de vida, mas a única forma para eliminar ou diminuir a fome e, quem sabe, o melhor caminho para a sobrevivência da nossa espécie e do planeta Terra.

* Daniel de Christo é mestre em Genética de Microrganismos e professor da escola de pós-graduação do Centro Universitário Internacional Uninter.

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