Timidez ou Arrogância?

    Recentemente soube que o filho de uma amiga está trabalhando em uma grande empresa. Depois de um longo período à procura do seu primeiro emprego, quase desistindo da profissão, ele foi chamado. A família e os amigos ficaram muito felizes por ele ter conquistado uma posição de destaque na sua atividade.

    Coincidentemente, tenho uma cliente que é diretora nessa mesma empresa. Comentei com ela sobre isso e, surpreendentemente ela me disse: “puxa, Cida, estamos muito desapontados. Ele parece ser um excelente profissional, mas em pouquíssimo tempo conseguiu ser tão antipático e arrogante com todo mundo lá que ninguém gosta dele. Entra na empresa, não cumprimenta e não fala com ninguém, está sempre com a cara fechada. Nas reuniões, não sabe expor sua opinião. Ele é fechado demais. É bem provável que não consiga permanecer conosco”.

    Tudo indica que não vai permanecer lá mesmo. Não é uma pena?

    Perder uma oportunidade de crescimento por falhas na comunicação:

    Essa é a realidade de muitos profissionais que nem sequer se dão conta que têm esse problema: não sabem se relacionar com os outros e embora muito competentes, perdem grandes oportunidades profissionais. Ao perderem um emprego, imediatamente terceirizam a culpa e não olham para dentro de si para procurar entender o que deu errado. Seguem tentando e logo que o cenário se torna desfavorável novamente, encontram a razão fora de si. O tempo passa, e a vida não sai do lugar.

    Arrogante é a pessoa que precisa de muita ajuda, mas não sabe pedir. Essa é a melhor definição para arrogância que eu já vi.

    Na maioria das vezes, a arrogância e a antipatia tem por trás uma baixa autoestima associada à timidez. O indivíduo se fecha em si mesmo e tenta de todas as formas não mostrar a sua fragilidade a ninguém. Sente medo, vergonha, e em alguns casos, fobia social. Quando está à vontade com familiares e amigos, apresenta um comportamento diferente, sem tensão. E por isso, não percebe o quanto a vida poderia ser diferente com mudanças simples na forma de se relacionar com os outros.

    Quem é tímido geralmente gosta de falar pouco. Por isso, não percebe muito as situações em que falar seria importante. É comum passar por antipático. Ao ser arrogante, sem perceber, o tímido corre o risco de transmitir uma imagem totalmente negativa para as pessoas com as quais convive, mas que não a conhecem.

    Somente com o desejo de encarar os próprios limites é que se abrem as possibilidades de compreender quais ajustes podem ser feitos para facilitar os momentos de interação social e exposição, como em uma fala em público, por exemplo. Um dos pontos centrais a serem trabalhados é a melhora da comunicação. Medidas simples podem ser adotadas e a partir delas é possível realizar grandes transformações no modo de se relacionar com todas as pessoas.