Esse mês em minha família comemoramos uma data especial e importante: o aniversário de minha mãe, que nesse ano completou 86 anos. Lúcida, orientada, ativa.
Ela, muito orgulhosa de si, diz: “puxa, já estou com 86 anos!” Uma alegria para todos nós.
Chegar nesse estágio do ciclo vital é um privilégio que muitos não vivenciam.
O envelhecimento não chega para muitos, penso, que por duas razões: ou morrem antes, seja por adoecimento ou por alguma fatalidade, ou negam seu envelhecer, assim não vivenciam essa etapa da vida como ela deve ser vivida. Afinal de contas é parte do nosso ciclo vital: nascemos, crescemos e nos desenvolvemos, envelhecemos e morremos. Essa seria a ordem natural.
Na categoria dos que não aceitam o seu envelhecer entram as pessoas que tentam a todo custo esconder, retardar, negar, disfarçar o passar dos anos, muitas vezes demonstrado na mudança do nosso aspecto físico. Recorrem às técnicas de mudanças de expressão facial, cirurgias reparadoras e modificadoras da aparência, e outras mudanças de aspectos que possam esconder a verdadeira idade.
Mas, por quê?
Talvez porque, com o passar dos anos, a evidência da nossa certa e imutável finitude fique cada vez mais próxima. Porém, muitos não se dão conta dela, ou simplesmente negam a certeza mais contundente que temos na vida.
Também porque vivemos numa sociedade que privilegia o novo; o belo; a juventude e a jovialidade; a vivacidade; a beleza física; a agilidade.. E associam o envelhecimento com a perda de força; de vitalidade; das atividades, sejam elas físicas ou intelectuais; de alegria e felicidade; ao adoecimento; e, não raro, ao sofrimento.
Junto a isso também percebemos ainda quão grande é o preconceito à essa fase da vida e à quem está vivenciando-a. Podemos perceber isso nas brincadeiras, anedotas, comentários pejorativos e até mesmo ao modo de tratar e se referir a pessoa idosa com adjetivos muitas vezes nada cordiais. Assim vai se criando uma imagem negativa em torno do envelhecimento.
Reflitamos juntos…
O que significa envelhecer pra você?
Para cada pessoa essa resposta será diferente e única, pois trata-se da vida, da história, das referências, da singularidade e da subjetividade que é própria de cada um de nós, de cada ser em particular.
Para uns um privilégio e tanto, para outros um horror a ser experienciado; há ainda os que passam por essa fase com inércia e indiferença. Pergunto se essas perspectivas não estão intimamente ligadas a algo de grande importância na vida de qualquer pessoa: o sentido de vida!
Quando temos 20 anos, achamos os 80 tão distantes, não nos preocupamos com o passar do tempo, vivemos a vida intensamente… quando temos 40, nos damos conta que podemos ter vivido já a metade da nossa vida, e que resta ainda a metade. Quando adentramos na casa dos 60 ou 70, possivelmente pensamentos relacionados a chegada do fim da nossa estada por aqui esteja se aproximando cada vez mais, embora a longevidade da população esteja crescendo exponencialmente.
Questionamentos sobre o que fizemos da nossa vida são comuns. E quando chegamos à conclusão de que queríamos ter feito mais coisas e não fizemos, por qualquer motivo que seja, isso pode nos gerar certa angústia e inquietação.
Por isso é importante estarmos alinhados ao nosso propósito de vida. Tenha sido ele descoberto desde sempre ou mesmo agora com 30, 40, 50 ou 60 anos. Não importa quando. O que importa é sabermos o que nos motiva a seguir em frente a cada novo amanhecer. Isso pode fazer toda diferença no seu processo de envelhecer.
Todos nós envelhecemos a cada dia vivido, não há como fugir disso. Cabe a nós decidirmos como passar pelo processo de forma saudável e consciente.
É com base nessas reflexões, que deixo aqui um convite para pensarmos mais a respeito … Como está o seu envelhecer?
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