Sobre escutar… o que temos feito por quem precisa ser ouvido?

Gosto do silêncio dos sábados e domingos de manhã… Me traz uma paz, uma serenidade, uma motivação diferente.

Com as coisas mais calmas, parece que nos conectamos melhor conosco mesmos. Parece que ouvimos melhor o que temos a dizer. Parece que as coisas fluem melhor.

A correria do dia a dia muitas vezes nos impede de escutar o que realmente temos que escutar, nos impede de ter uma atenção mais focada, vamos agindo no automático e não nos damos conta de filtrar aquilo que chega até nós.

São tantos os estímulos que vivenciamos desde que despertamos até o momento que vamos novamente adormecer que não prestamos atenção naquilo que ouvimos.

Pessoas muitas vezes se aproximam de nós na intenção de partilhar uma dor, uma angústia, um pensamento, uma dúvida e muitas vezes não encontram o espaço que precisam e estavam procurando.

Como temos acolhido as falas que chegam até nós?

Estamos de fato dando importância às comunicações que a nós são dirigidas?

Temos disponibilizado uma escuta solidária?

Em tempos de vida tão acelerada e automatizada nossa capacidade humana de escuta vem sofrendo prejuízos. Tanto a escuta do outro, como a escuta de si próprio.

Quantas vezes algum colega de trabalho, um familiar, um amigo mais íntimo, um vizinho, o cônjuge, nos dão sinais de que precisam de um momento de escuta e nós, voltados para nós mesmos ou para nossos afazeres, não damos a devida atenção.

Ou, quantas vezes nós mesmos não precisamos de um momento para expressar nossas aflições e preocupações e não encontramos receptividade.

A escuta é parte do processo de comunicação e para haver comunicação é preciso alguns elementos, entre eles: um emissor, um receptor e uma mensagem, algo que vai ser comunicado. E entre uma mensagem ser transmitida e ser recebida com disponibilidade existe um caminho a ser percorrido. Esse caminho pode ser mais curto, ou mais longo, vai depender do acesso que encontrarmos no outro.

Mas, por que comecei falando de silêncio?

Porque para escutar o outro precisamos nos silenciar internamente.

Não é possível oferecer uma escuta de qualidade se há ruídos internos interferindo nessa escuta. Precisamos estar livres das nossas necessidades, das nossas angustias, dos nossos anseios, dos nossos julgamentos no momento da escuta, só assim teremos a disponibilidade que o outro necessita e espera de nós.

Para isso, compartilho a seguir algumas dicas de como podemos nos colocar, caso alguém em extrema necessidade de escuta, nos procure como receptor, como um bom ouvinte:

– Esteja presente totalmente na comunicação, não permita interferências;

– Demonstre interesse, independente do assunto. Se está sendo dito é porque é importante para alguém;

– Não julgue; cada um tem sua história e seus valores;

– Foque a atenção no aqui e no agora, evite misturar conteúdos;

– Perceba a comunicação dos gestos e das emoções da outra pessoa;

– Acolha sempre!

Há tantas pessoas precisando de um espaço de escuta, podemos doar um pouco do nosso tempo para acolher quem precisa?

“Falar é uma necessidade, escutar é uma arte” – Goethe

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