Setembro Dourado: alerta para diagnósticos tardios de câncer em crianças e adolescentes durante a pandemia

    O mês de setembro ganha uma cor para lembrar o câncer infanto-juvenil. O dourado traz o brilho da alegria dos pequenos que, por vezes, infelizmente, se ofusca pela doença mais temida por todos. As chances de cura são altas. Cerca de 80% se recuperam completamente, mas esse número pode ser afetado neste ano, uma vez que, diante da pandemia, os pais têm deixado para depois a rotina clínica dos filhos. Cerca de 300 mil casos de câncer são registrados anualmente em crianças e adolescentes de até 19 anos em todo o mundo. No Brasil, com mais de 12 mil caso ao ano, o câncer é a primeira causa de morte por doenças entre eles.

     

    “O diagnóstico precoce é de suma importância para alcançar a cura. No cenário atual de pandemia da Covid-19 que estamos vivenciando, devido ao medo de se contagiar, a população tem procurado assistência médica mais tardiamente, retardando o diagnóstico e o início do tratamento, prejudicando o prognóstico”, alerta a oncopediatra do Centro de Oncologia do Paraná, Edna Kakitani Carbone.

     

    Frente a esse cenário, o Setembro Dourado ganha ainda mais destaque. Os pais e cuidadores devem estar atentos e não negligenciar ao perceber sinais e sintomas sugestivos do câncer infanto-juvenil. Sobre isso, a especialista dá orientações: “na hora do banho é importante verificar se há presença de caroços endurecidas no pescoço, axilas ou virilhas de crescimento rápido e sem dor; ou se há manchas roxas ou pintinhas avermelhadas pelo corpo sem traumatismos.” Esses são alguns dos indícios de câncer de linfoma e de leucemias, respectivamente.

     

    Mas outros sintomas devem ser considerados. Dores ósseas persistentes, dor de cabeça associada a vômitos e alterações visuais, perda de peso, febre sem causa aparente, palidez, barriga inchada e brilho branco nas pupilas dos olhos em fotografias com flash. Sinais de diferentes tipos de câncer, que podem ser listados de acordo com a taxa de maior incidência:

     

    1-      Leucemia aguda (câncer do sangue): 33%

    2-      Tumores de sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal): 20%

    3-      Linfomas: 15%

     

    Menos comuns, o tumor de Wilms (rins), tumores ósseos (osteossarcoma e Sarcoma de Ewing) e os tumores musculares (rabdomiossarcomas) também atingem crianças e adolescentes.

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    Causa do Câncer

    O câncer infanto-juvenil acontece por uma mutação somática na célula alvo (células do sangue nas leucemias, células do sistema nervoso central nos tumores cerebrais, por exemplo) que implica na multiplicação desordenada da célula em questão, que, em condições normais, deveria morrer no fim do processo de renovação celular.

     

    Como tratar

    A oncopediatra Edna Carbone explica que os protocolos de tratamentos em crianças são diferentes daqueles aplicados em adultos e que a taxa de cura também é bem mais otimista. “Nas leucemias agudas, o índice de cura chega a 80% somente com quimioterapia. Poucos vão necessitar de transplante de medula óssea ou imunoterapia.” Ela ainda informa que o índice de cura dos tumores sólidos também é muito bom, desde que estejam em fase inicial. “Mais uma vez a importância do diagnóstico precoce”, reforçou.

     

    O sucesso do tratamento depende também do equilíbrio emocional da família. Segundo a especialista, “o otimismo, a fé e a aceitação da doença e do tratamento são de extrema importância na cura.” A médica aconselha aos pais que mantenham o rigor da educação, sem mimá-la, ditando o que está certo ou errado, pois isso traz segurança aos filhos. “Fortalecer o espírito da criança, fazê-la sempre enxergar o futuro”, afirma.

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