A telemedicina é, por ora, uma consulta realizada por algum software ou aplicativo para casos de baixa complexidade. O uso de tecnologia para esse propósito, por si só, já é um avanço, com a conquista da confiança dos pacientes. No entanto, assim como em outros segmentos, a telemedicina tem um longo caminho a seguir em sua evolução, mesclando diferentes tecnologias em seu uso, como a análise de dados, a inteligência artificial e a realidade virtual. E esse crescimento está acontecendo diante dos nossos olhos.
Temos buscado oferecer cuidado à vida de forma humanizada aliada à inteligência tecnológica, de forma que o serviço guie melhor o paciente dentro da sua jornada no sistema de saúde. Se em 2015 a ideia era resgatar o conforto, praticidade e qualidade do atendimento com o médico em casa, facilitado pelo meio digital, hoje sabemos que podemos fazer ainda mais via teleconsulta.
Com determinadas informações, a inteligência artificial é capaz de escrever artigos e publicá-los, substituindo ou auxiliando no trabalho dos jornalistas. Da mesma forma, a tecnologia pode auxiliar os médicos a fecharem diagnósticos, fazendo interações entre sintomas que nem sempre são percebidos de imediato e que uma análise de dados e de sintomas feita por máquinas pode perceber.
Por se tratar de aspectos de saúde, a inteligência artificial precisará ser monitorada por um médico, mas a soma dos esforços entre o cérebro humano e a capacidade analítica dos equipamentos pode dar mais segurança ao paciente. A coleta e análise de dados obtidos pelas companhias que atuam na telemedicina podem indicar caminhos para a prevenção de saúde pública de forma mais global. E essas oportunidades vão se ampliar daqui para frente.
1. Telemedicina vai ganhar tração com o passar do tempo
Muitas das transformações necessárias dependem de um pontapé inicial. Se a telemedicina era vista com desconfiança até março de 2020, o isolamento social obrigatório causado pela pandemia, que deixou os consultórios vazios, fez com que muitos adotassem esta modalidade. Muitas companhias e operadoras de saúde também enxergaram facilidades de implementação sem grandes investimentos em software e hardware como uma possibilidade para ofertar saúde a seus colaboradores e beneficiários. Em última análise, a telemedicina ganhou tração, pois os pacientes a enxergaram como opção segura, confortável e eficiente.
2. Realidade virtual deve transformar a telemedicina
Somente na América do Norte, o mercado de realidade virtual deve saltar de US$ 1,8 bilhão em 2018 para atingir US$ 30,4 bilhões em 2026, segundo relatório da Forbes. Este faturamento inclui as possibilidades de uso na telemedicina, o que vai incluir maneiras de aliviar a dor e tratar certas doenças psicológicas, entre outras diversas possibilidades.
3. O uso da inteligência artificial
A inteligência artificial deve ganhar corpo na telemedicina, em uma interação com os profissionais de saúde. É possível pensar em aplicativos e softwares capazes de avaliar se uma pessoa precisa de uma consulta, apenas observação ou ir a uma emergência apenas respondendo a um questionário. É possível conciliar essa entrevista para que o médico conclua o diagnóstico – incluindo as considerações da inteligência artificial.
4. Mais dados, mais prevenção
As anamneses e entrevistas feitas pelos profissionais dão uma série de subsídios e insights para os profissionais, que podem indicar cuidados para melhorar a condição de saúde não necessariamente relacionada àquela queixa. Aspectos como hábitos do dia a dia e histórico familiar dão indicações de problemas que podem surgir no futuro e podem ser monitorados previamente com mais facilidade pela telemedicina. Além disso, é possível cruzar dados para identificar tendências e cuidados, que podem ser usados de forma preventiva – respeitando a privacidade dos usuários, mas fazendo uma análise de um grupo populacional.
5. Atendimento digital e saúde pública
Os silos de informação gerados por empresas especializadas em telemedicina podem ser aplicados pela saúde pública para desenvolver programas de prevenção à saúde de doenças. Essa universalização de dados – respeitando as regras da Lei Geral de Proteção de Dados – é capaz de indicar caminhos importantes para o sistema de saúde, inclusive na projeção de possíveis doenças decorrentes de hábitos de vida, histórico de saúde, entre outros. Já existem esforços internacionais para o compartilhamento de dados entre países, especialmente na Europa, com o propósito de suportar os sistemas de saúde locais, fomentar pesquisas e desenvolver políticas públicas.
6. Checagem de sintomas
Alguns países adotaram aplicativos, chatbots ou tecnologias vinculadas à inteligência artificial capazes de identificar a situação de um paciente contaminado pela Covid-19. Com checagens constantes, esses países conseguiram monitorar a situação das pessoas e, ao mesmo tempo, reduzir os custos de atendimentos desnecessários em hospitais – assim como evitar uma pessoa que testou positivo de circular pela cidade, ampliando o risco de exposição.
*Fábio Tiepolo é CEO da Docway, empresa brasileira referência em soluções de saúde digital para empresas e operadoras de saúde
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