O foco dos cuidados paliativos é tratar e controlar sintomas que podem impactar a qualidade de vida e bem-estar dos pacientes e de seus familiares, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, da identificação precoce de situações possíveis de serem tratadas, da avaliação cuidadosa e minuciosa e do tratamento da dor e de outros sintomas físicos, sociais e psicológicos. Com o objetivo de orientar os oncologistas para melhor compreensão e manejo de sintomas do câncer, acaba de ser lançado o Manual de Tratamento Sintomático em Cuidados Paliativos, produzido pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) em parceria com a Sociedade Brasileira para Estudo da Dor (SBED). De acordo com a publicação, cuidados paliativos adequados estão também associados a um significativo aumento da sobrevida global mediana.
Os principais sintomas que devem ser avaliados pelos médicos encontram referência nas letras das palavras em inglês PAIN RULES: dor, anorexia, incontinência, náusea, sintomas respiratórios, ulcerações, nível de funcionalidade, energia e sedação. Muitos aumentam na medida em que a doença se agrava – por isso, a recomendação enfatizada aos profissionais é que as abordagens para controle de sintomas sejam feitas desde o início do tratamento.
“O oncologista é o profissional mais instrumentalizado e capacitado para tratar o paciente com câncer”, afirma Fátima Gaui, membro da SBOC e coordenadora da publicação. “Com o Manual de Tratamento Sintomático em Cuidados Paliativos pretendemos demonstrar a importância de ouvir e valorizar os sintomas de cada paciente”, salienta.
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O olhar multidisciplinar faz parte das orientações. Além de suporte psicológico para ajudar o paciente a lidar com diversas questões, que vão da autoimagem a medo, terapias integrativas são indicadas para constar no rol de cuidados. A comunicação efetiva com o paciente e sua família é mais um aspecto ressaltado no material – inclusive para abordar temas sensíveis, como o luto. “A formação do médico oncologista naturalmente foca em farmacologia, prescrição de quimioterapia, indicação de remédios e incorporação de novas tecnologias”, diz Natalia Nunes, uma das autoras do manual. “No entanto, a atenção ao manejo dos sintomas é fundamental para a qualidade de vida, especialmente de pacientes com doença metastática”, acrescenta a médica.
A identificação precoce de sintomas e seu devido manejo, contribui também para a adesão ao tratamento. “Dor, fadiga ou caquexia, por exemplo, são comuns em grande parte dos casos, mas o profissional de saúde sempre pode fazer alguma coisa para amenizar desconfortos”, destaca o oncologista clínico Dr. Ricardo Camponeiro, co-autor da publicação.
A publicação está disponível para download aqui.
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