O surgimento de uma pandemia de um novo tipo de coronavírus tem obrigado empresas de diferentes setores, escolas e órgãos públicos, entre outros, a interromperem o atendimento ao público. As autoridades de saúde recomendam como principais medidas para evitar o contágio: lavar as mãos com frequência e permanecer em casa.
Em tempos de coronavírus e isolamento social, estar em um espaço restrito pode ter consequências para a saúde mental das pessoas, ainda mais quando isto ocorre em um contexto cercado pelo medo da disseminação de um vírus que causou uma pandemia mundial e informações – verdadeiras e falsas – se misturam nas redes sociais e chegam até as pessoas em avalanche.
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A necessidade de isolamento social atingirá as pessoas de formas diferentes, sobretudo para as populações mais vulneráveis. Desta forma, o Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CRP-PR) preparou algumas orientações sobre saúde mental, utilizando como base material divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS):
- O vírus, por si só, já tem trazido medo e sofrimento. Não é correto atribuí-lo a qualquer etnia ou nacionalidade. Nossa experiência com outras epidemias mostra que a estigmatização e preconceito não contribuem com medidas de prevenção. Seja empático com aquelas(es) que foram afetadas(os), dentro e fora de qualquer país, a responsabilidade pelos cuidados de saúde é de todas(os) nós, sem exceção, considerando as condições e limites de cada um(a);
- Tome cuidado com notícias falsas ou exageradas. Nem tudo o que nos chega pelas redes sociais, como o WhatsApp, por exemplo, é verdade. Evite noticiários sensacionalistas. Informações distorcidas podem desviar o foco de medidas práticas para proteger seu lar e seus familiares, além de causar angústia e espalhar pânico.
- É muito importante buscar informações em fontes confiáveis, mas informação em excesso pode causar medo e ansiedade, levando à ausência de ação ao invés de uma posição proativa. Em geral, assistir ao noticiário apenas uma ou duas vezes ao dia será suficiente para lhe atualizar sobre as principais informações. O governo do Paraná elaborou a campanha “Troque a preocupação pela Prevenção” e dispõe de um site com várias informações atualizadas e que pode ser uma boa fonte de informação: www.coronavirus.pr.gov.br. O Ministério da Saúde também tem um portal com diversas orientações: www.coronavirus.saude.gov.br.
- Proteja-se e dê apoio às outras pessoas, compreendendo que cada uma tem necessidades específicas e que grupos como idosas(os), crianças, pessoas com deficiências ou problemas de saúde podem estar em um momento de maior fragilidade. Ajudar as(os) outras(os) pode beneficiar tanto a pessoa que recebe apoio como quem ajuda.
- Aproveite para reconhecer o trabalho de profissionais de saúde e outras(os) profissionais para apoiar as pessoas afetadas com o COVID-19 em sua comunidade. É um momento também para refletirmos sobre a importância do Sistema Único de Saúde (SUS) e colaborarmos, por exemplo, deixando a realização de exames eletivos para mais tarde.
- Não interrompa seu tratamento de saúde. Se você precisa de atenção médica ou tem uma condição crônica (diabetes ou hipertensão, por exemplo), busque informações junto à sua Unidade de Saúde de referência sobre como proceder, continue cuidando da sua saúde.
- Se você está em casa e tem acesso à internet mantenha-se conectada(o) e nas redes sociais. Faça chamadas de vídeo, converse com amigos e familiares, aproveite para buscar informações, vídeos ou outros produtos audiovisuais de temas que te interessem.
- Como estamos em maior número de pessoas em casa – idosas(os), crianças, adolescentes e, muitas vezes, precisamos continuar conectados ao trabalho, a melhor solução é o diálogo. Tente estabelecer espaços no lar nos quais cada um possa falar sobre suas necessidades e encontrar formas de respeitar o espaço necessário a cada pessoa. Conversar é a melhor forma de resolver conflitos.
- Busque se manter produtiva(o), na medida do possível. Aproveite para assistir, ler e até mesmo estudar aqueles conteúdos que você sempre teve vontade, mas não tinha acesso e/ou tempo para fazer, de forma a ampliar seus conhecimentos em áreas de interesse. Várias plataformas com conteúdo online (cursos, livros, séries, filmes, etc) estão disponibilizando gratuitamente o acesso nesse período.
- Se você está realizando trabalho remoto, lembre-se que o trabalho deverá acontecer dentro de uma carga horária determinada. Não se esqueça de fazer as pausas necessárias para seu bem-estar e tente não ultrapassar seus limites só porque está trabalhando em casa.
- Se você não pode fazer home office ou não foi dispensado do trabalho, não se desespere. Tome todas as medidas preventivas recomendadas pelo Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde. Estabeleça redes de solidariedade e procure se informar, com colegas e entidades de defesa dos direitos trabalhistas, quais medidas estão sendo propostas e encaminhadas para garantir a segurança de trabalhadoras(es) presenciais. Pode ser um bom momento para enviar e-mails para parlamentares e órgãos que representam as(os) profissionais.
- Busque estabelecer uma rotina de exercícios físicos leves, alongamentos, alimentação saudável, hábitos de higiene, trabalho/estudo e sono. A rotina pode contribuir para a saúde mental.
- Preste atenção ao que está sentindo e acolha esses sentimentos, eles não são menores e você não está sozinha(o) nesta situação. Caso esses sentimentos estejam lhe deixando muito desconfortável, triste ou angustiada(o), busque ajuda.
- Se você tem profissional Psicóloga(o) e/ou Médica(o) Psiquiatra com quem faz acompanhamento, experimente entrar em contato com ela(e), pois existe a possibilidade de manter seus atendimentos online, que seguem o mesmo rigor e princípios éticos dos atendimentos presenciais. Fortaleça os cuidados com sua saúde mental. Há também serviços como o CVV, que está disponível pelo telefone 188 em todo o Brasil.
- Saiba que o isolamento social é uma medida temporária e que irá passar. Há várias consequências difíceis desta crise como, por exemplo, dificuldades financeiras. Essa é a realidade de muitas(os) brasileiras(os) e precisaremos pensar juntas(os) novas formas de nos relacionar e de contar com o poder público. É momento de cuidar da saúde e de pensar coletivamente. Você não está sozinha(o).
- Cultive a esperança e evite ter pensamentos pessimistas como padrão, mas permita-se falar sobre sentimentos e angústias. Lembre-se que, neste momento, vacinas e medicamentos já estão sendo testados e investigados em uma velocidade grande e temos vários países do mundo empenhados em combater o Covid-19.
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