Retinoblastoma: saiba mais sobre o câncer que pode afetar os olhos das crianças

Recentemente, o jornalista Tiago Leifert e sua esposa, Diana Garbin, revelaram que a sua filha Lua, de 1 ano e 3 meses, foi diagnosticada com retinoblastoma. Estudos apontam que anualmente cerca de 400 crianças são diagnosticadas com retinoblastoma no Brasil, o tipo mais comum de câncer que acomete o olho durante a infância. A maioria dos casos, 90%, é em crianças com menos de cinco anos de idade. Trata-se de um tumor maligno que se desenvolve na retina, devido a uma mutação num gene no cromossomo 13. Em alguns casos pode ser hereditária e afetar os dois olhos ou apenas um.

A oncopediatra Antonella Zanette, responsável pelo Serviço de Oncologia Pediátrica do Instituto de Oncologia do Paraná – IOP, explica que o retinoblastoma é uma doença altamente curável, inclusive com a preservação da visão e da vida do paciente. É fundamental ficar atento aos sinais para a realização do diagnóstico precoce.

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“O principal sintoma do retinoblastoma é a lecocoria, ou seja, um reflexo branco na pupila, conhecido como reflexo do olho de gato. Essa situação está presente em 90% dos casos diagnosticados. Uma forma de verificar esse sinal é sob luz artificial, quando a pupila está dilatada, ou em fotos com flash. Em crianças com os olhos saudáveis, o reflexo do flash é sempre vermelho e não branco. Outros sintomas que devem ser observados são a baixa visão, estrabismo e deformação do globo ocular”, esclarece.

Como confirmar o diagnóstico do retinoblastoma

A principal maneira para confirmar o diagnóstico é com o exame de fundo do olho e a ressonância magnética de órbita. Em fase inicial a doença tem até 90% de cura. As formas de tratamentos – considerados minimamente invasivos – constituem-se de quimioterapia intra-arterial, radioterapia e terapia a laser. Em casos mais avançados os pacientes podem ser submetidos à enucleação, que é a remoção cirúrgica do globo ocular, já que o diagnóstico tardio impede o tratamento com o uso de técnicas conservadoras.

Além disto, o Teste do Olhinho, conhecido como teste do reflexo vermelho, feito ainda na maternidade, até 72 horas de vida do bebê, é o primeiro exame que ajuda na detecção precoce de doenças oculares que podem afetar crianças. Entre essas doenças está o retinoblastoma. O alerta vem do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e pela Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica (SBOP).

Segundo o presidente do CBO, Cristiano Caixeta Umbelino, pais e responsáveis devem optar pelos cuidados de médicos especializados, como oftalmologistas, uma vez que tratamentos como ‘self-healing’ (auto cura) ou prática de exercícios oculares, “não têm comprovação científica e, portanto, não servem para curar o retinoblastoma ou qualquer outra doença que afeta o aparelho da visão”, como glaucoma, catarata, doenças retinianas, entre outras. Na avaliação de Umbelino, essas abordagens podem retardar o início de tratamentos corretos, com chance de comprometerem parcial ou totalmente a visão e, inclusive, a vida do paciente, em caso de tumores.

O CBO e a SBOP recomendaram que o Teste do Olhinho deve ser repetido pelo pediatra pelo menos três vezes ao ano, nos três primeiros anos de vida da criança. Bebês de seis a 12 meses devem passar por um exame oftalmológico completo e, posteriormente, entre 3 e 5 anos de idade, devem ser submetidos a uma segunda avaliação semelhante.

A presidente da SBOP, Luísa Hopker, afirmou que os exames oftalmológicos completos são fundamentais para detecção de condições que afetam a saúde ocular das crianças. “Em caso de suspeita, no consultório, o paciente passa por exame oftalmológico com a pupila dilatada. Se houver necessidade, é realizado outro teste, sob sedação, em centro cirúrgico. A ultrassonografia ocular deve ser realizada e pode mostrar pontos brilhantes intralesionais consistentes com cálcio. A tomografia computadorizada também pode mostrar as calcificações quando a ultrassonografia não está disponível. A ressonância de crânio é necessária para realizar o estadiamento do tumor”, explicou.

O tratamento para a retinoblastoma depende de vários fatores, entre os quais, a localização e o tamanho do tumor, disseminação além do olho e possibilidade de preservação da visão. Diferentes procedimentos podem ser adotados, incluindo quimioterapia (intravenosa, intra-arterial, periocular e intraocular), terapia focal e métodos cirúrgicos. Luísa informou que nas últimas décadas, as técnicas de tratamento do retinoblastoma têm apresentado avanços consideráveis, com taxas de cura superiores a 95%, uma vez adotado o tratamento adequado.

* Com informações da Agência Brasil e da assessoria de imprensa

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