Redução de atividade durante isolamento é fator de risco para trombose

    Apesar de necessário, o isolamento social imposto para evitar o contágio do coronavírus gerando outras situações, como o sedentarismo e ficar muito tempo sentado. Esses são comportamentos que merecem atenção da população, já que contribuem para agravar os problemas vasculares, entre elas a Trombose Venosa Profunda (TVP).

    Conforme explica o médico especialista em angiologia, cirurgia vascular e endovascular, José Fernando Macedo, diretor do Instituto de Angiologia e Cirurgia Vascular (IACVC), de Curitiba (PR), veias e artérias precisam do movimento do corpo para funcionarem bem. Por isso, o imobilismo e o sedentarismo são inimigos de circulação. “Uma das consequências mais graves é a Trombose Venosa Profunda. Trata-se de uma doença que pode ser muito grave e é causada pela formação de coágulos – também chamados trombos – no interior das veias profundas, principalmente na panturrilha, a conhecida batata da perna”, alerta.

    Dor e inchaço na região das pernas e dos pés; mudanças na temperatura local e na cor da pele; e sensação de peso nos membros inferiores são alguns sinais da trombose, doença muitas vezes silenciosa, ou seja, sem sintomas explícitos. Quando não tratada, pode trazer sérias complicações, como úlceras de perna, embolia pulmonar e até mesmo levar ao óbito.

    Dia Mundial da Trombose

    Para alertar a população sobre a importância da prevenção e tratamento da doença, são realizadas campanhas como a do Dia Mundial de Combate à Trombose, em 13 outubro. Conforme destaca Macedo, a recomendação é que a pessoa procure o médico se começar a sentir uma dor e cansaço nas pernas que não quer passar. Segundo ele, o mais importante é alertar que a principal causa da trombose é a imobilidade. Por trás disso está o tempo prolongado sentado, as longas viagens de avião e os hábitos sedentários. Estas são as verdadeiras causas por trás da TVP, uma doença que acomete cerca de 60 pessoas a cada 100.000 habitantes por ano segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, destaca.

    “Caminhe, nem que seja dentro de casa. Crie seu circuito doméstico. Não fique sentado por mais de uma hora na frente do computador. Levante. Mexa as pernas. Faça agachamentos. Se alongue. Não faça da imobilidade um hábito. Você vai ter mais saúde e mais disposição se tiver o hábito de se mexer e se exercitar”, orienta o médico.

    Grupos de risco

    Macedo reforça as orientações para os grupos de risco: grávidas, pessoas com histórico da doença na família e pessoas acima de 50 anos. Além disso, fatores como obesidade, tabagismo e uso de anticoncepcional, podem agravar a situação. 

    Trombose no Paraná e Tratamento

    No ano passado, segundo a Secretaria Estadual da Saúde, foram realizados 3.742 tratamentos de trombose venosa profunda na rede pública do Paraná, e 100 atendimentos para a colocação percutânea de filtro de veia cava (trombose periférica e embolia pulmonar). Este ano, apenas no primeiro semestre, a rede pública realizou 1.892 procedimentos para tratar a trombose venosa profunda. Até julho, 68 pacientes haviam recebido o filtro de veia cava. 

    Hoje, ao contrário de antigamente, na maioria dos casos diagnosticados não é necessária a internação. “Além do uso de meias elásticas, o paciente toma anticoagulantes orais, por um período de 3 a 6 meses, dependendo dos sintomas. Nas situações mais raras pode ser necessária medicação para o resto da vida”, afirma Macedo. Ele conclui: “cuidar da saúde é melhor do que tratar da doença. Procure os consultórios, que estão adotando todas as medidas de higiene durante a pandemia, e verifique como está a sua saúde vascular”, recomenda.