Quando a sinusite crônica exige mais do que paciência

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(Foto: Freepik)

A cirurgia realizada recentemente pela jornalista e apresentadora Patrícia Poeta para tratar uma sinusite crônica reacendeu a atenção para uma condição que impacta milhões de brasileiros e que, muitas vezes, é subestimada. Afinal, o que caracteriza a sinusite crônica, como ela é tratada e quando a cirurgia se torna necessária?

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De forma simples, a sinusite crônica é uma inflamação persistente dos seios da face e das vias nasais que dura mais de 12 semanas. Não se trata apenas de um resfriado prolongado. A diferença entre o quadro agudo e o crônico está justamente no tempo de evolução dos sintomas. “Quando os sintomas se estendem por mais de três meses, já podemos falar em sinusite crônica”, explica o médico otorrinolaringologista Deusdedit Brandão, membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF).

Os principais sintomas incluem obstrução nasal, secreção constante, dor ou pressão facial e perda ou redução do olfato. Nas crianças, a tosse persistente costuma ser o sinal mais evidente. E as causas podem variar bastante, indo de alterações anatômicas, como desvios de septo, até quadros alérgicos, infecções de repetição, presença de pólipos nasais ou mesmo doenças mais complexas, como imunodeficiências e síndromes genéticas que afetam a movimentação dos cílios nas vias respiratórias.

O diagnóstico costuma envolver uma avaliação clínica cuidadosa e exames complementares, como a endoscopia nasal e a tomografia. “É fundamental entender qual é o tipo de sinusite crônica que o paciente tem, porque isso impacta diretamente no tratamento. Algumas formas têm cura, outras exigem controle a longo prazo”, ressalta o especialista.

A sinusite crônica, quando não tratada, interfere no sono, na produtividade, na memória e até na saúde emocional. “Muitos pacientes relatam a sensação constante de cabeça pesada ou ‘nas nuvens’, o que afeta até mesmo as interações sociais e a performance no trabalho ou nos estudos”, afirma o médico.

Além disso, há riscos mais sérios, como infecções que podem se espalhar para estruturas próximas, incluindo os olhos, os ossos do crânio e até o cérebro, em casos mais raros. Para quem tem asma, a sinusite crônica mal controlada costuma piorar os sintomas respiratórios e comprometer ainda mais a saúde pulmonar.

Tratamento

O tratamento inicial normalmente é clínico, com lavagens nasais frequentes, corticoides tópicos, antialérgicos e, em casos específicos, antibióticos. Em situações mais complexas ou de difícil controle, entram em cena os imunobiológicos, medicamentos modernos e ainda de uso restrito.

Quando essas abordagens não são suficientes, a cirurgia passa a ser considerada. É o caso da chamada cirurgia endoscópica endonasal, que é feita por dentro do nariz, sem cortes externos. “Ela permite abrir as vias de drenagem dos seios da face, melhorando a ventilação e facilitando a ação das medicações. É um procedimento minimamente invasivo, com boa recuperação e grande impacto na qualidade de vida”, explica Deusdedit.

O especialista reforça que o segredo está na combinação entre diagnóstico correto, abordagem individualizada e atenção contínua ao que desencadeia os sintomas. Hidratação, controle de alergias, higiene nasal e evitar ambientes poluídos são medidas simples que fazem toda a diferença.

*Informações Assessoria de Imprensa