Qual a importância da vacinação em massa?

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A imunização contra Covid-19 está avançando no país e está sendo reforçada qual a importância da vacinação em massa. Regiões onde mais de 60% da população recebeu pelo menos uma dose de um imunizante contra a doença já verificam redução no número de casos e mortes. Ao romper barreiras das faixas etárias, existe um reflexo direto no perfil dos pacientes internados. Especialistas enfatizam que é necessário completar o esquema vacinal, ou seja, tomar as duas doses da vacina – ou o imunizante de dose única – para ter segurança e frear efetivamente a pandemia. Mas, aos poucos, se vê a importância da vacinação em massa.

Isso ficou evidente em um projeto realizado para verificar qual é a importância da vacinação em massa e o reflexo da imunização naqueles que não conseguiram receber uma dose.

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Serrana

A imunização de toda a população adulta do município de Serrana, no interior paulista, com a vacina CoronaVac, do Instituto Butantan, fez os casos sintomáticos de Covid-19 caírem 80%, as internações, 86%, e as mortes, em 95% após a segunda vacinação do último grupo. Essa é a principal conclusão do Projeto S, estudo clínico de efetividade inédito no mundo realizado pelo Instituto Butantan na cidade. A redução foi constatada por meio da comparação dos dados desde o início do projeto até completar a vacinação de todos os grupos com o restante do trimestre avaliado (fevereiro, março e abril de 2021).

Os resultados também mostraram que a vacinação protege tanto os adultos que receberam as duas doses do imunizante quanto as crianças e adolescentes com menos de 18 anos, que não foram vacinados, explica o diretor do estudo e de ensaios clínicos do Instituto Butantan, Ricardo Palacios. “A redução de casos em pessoas que não receberam a vacina indica a queda da circulação do vírus. Isso reforça a vacinação como uma medida de saúde pública, e não somente individual”.

Outra conclusão do estudo é a avaliação da incidência da doença em Serrana na comparação com as cidades vizinhas. Serrana tem cerca de 10 mil moradores que trabalham diariamente em Ribeirão Preto, cidade distante a 24 km. Enquanto Ribeirão Preto e outras cidades da região vêm apresentando alta nos casos de Covid-19, Serrana manteve taxas de incidência baixas devido à vacinação. Além da queda das infecções, os moradores que transitam em outras cidades não trouxeram incremento relevante nos casos. O Projeto S criou um “cinturão imunológico” em Serrana, uma barreira coletiva contra o vírus, reduzindo drasticamente a transmissão no município.

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O objetivo do projeto foi entender qual a efetividade da CoronaVac, ou seja, como a imunização de uma parte da população pode afetar o curso da epidemia. Na prática, entender como a vacina se comporta no mundo real. O método utilizado para o ensaio clínico é chamado de implementação escalonada por conglomerados (stepped-wedge trial). Serrana foi dividida em 25 áreas, formando quatro grupos: verde, amarelo, cinza e azul, que receberam o imunizante seguindo esta ordem. A vacina foi ofertada a todos os maiores de 18 anos elegíveis para o estudo nestas áreas, de forma sequencial, em quatro etapas.

Entre 17 de fevereiro e abril deste ano, ao longo de oito semanas, cerca de 27 mil moradores do município receberam o esquema vacinal completo: duas doses da CoronaVac com intervalo de 28 dias entre a primeira e a segunda. Isso representou uma cobertura próxima a 95% da população adulta, segundo censo de saúde feito previamente pelo Instituto Butantan.

O método de escalonamento permitiu avaliar e comparar as quatro áreas vacinadas, explicou Ricardo Palacios. “Percebemos que os fenômenos observados não acontecem aleatoriamente, mas se repetem nos quatro grupos em momentos diferentes”, afirma. “O resultado mais importante foi entender que podemos controlar a pandemia mesmo sem vacinar toda a população. Quando atingida a cobertura de 70% a 75%, a queda na incidência foi percebida até no grupo que ainda não tinha completado o esquema vacinal”, afirma o diretor do estudo.

Ilha de Paquetá

Projeto similar está sendo realizado na Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro. Os primeiros resultados da avaliação de mais de 2,3 mil exames sorológicos coletados para o estudo PaqueTá Vacinada indicam que 21% das crianças e adolescentes da ilha apresentam anticorpos contra a Covid-19, por terem sido expostos ao coronavírus. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS), antes da primeira dose do projeto ser aplicada nos voluntários, 40% dos adultos não vacinados e 90% dos vacinados previamente à pesquisa testaram positivo para a presença dos anticorpos.

A análise faz parte do estudo da secretaria com apoio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que avalia os efeitos da imunização em larga escala, realizada no dia 20 de junho na população residente, com a cobertura vacinal total da população alvo acima de 18 anos de idade. A pesquisa faz o monitoramento epidemiológico da população da Ilha de Paquetá, um bairro da cidade do Rio de Janeiro, no nordeste da Baía de Guanabara.

Os pesquisadores querem identificar qual é a segurança do imunizante e como a vacinação em massa atua na proteção das pessoas que não foram vacinadas, como é o caso das crianças e adolescentes. Vai ser analisado ainda se a primeira dose da vacina será capaz de evitar a transmissão dos casos na região ou se isso só acontece efetivamente após a aplicação da segunda dose.

Paquetá tem uma população de 4.180 moradores, dos quais 3.530 são maiores de 18 anos de idade cadastrados na Estratégia Saúde da Família. Receberam os imunizantes quem ainda não tinha sido vacinado, e não foi permitida a participação de turistas. Antes da vacinação do dia 20, os moradores passaram por exame de sangue sorológico, que será repetido ao longo da pesquisa.

O secretário de Saúde, Daniel Soranz, informou que a vacinação no bairro atingiu 96% da população, incluindo os que foram imunizados pelo projeto. “Agora a gente entra em uma nova fase, que é a vacinação dos adolescentes de Paquetá. Posterior a ela, a segunda fase com a aplicação da segunda dose da população de Paquetá”, disse.

* Com informações da Agência Brasil

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