A prevenção da trombose é um importante tema dentro dos cuidados com a saúde, especificamente com a saúde vascular. Por isso foi instituído em 16 de setembro o Dia Nacional de Combate e Prevenção à Trombose, com o objetivo de chamar atenção para este assunto. A Trombose Venosa Profunda (TVP) se caracteriza pela presença de um coágulo dentro de uma veia. Isto acontece de forma mais comum nos membros inferiores, especialmente as pernas.
O presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), Bruno Naves, explica que vários fatores podem estar envolvidos para que essas alterações ocorram. Entre elas está a idade. Pessoas acima de 40 anos têm mais chances de desenvolver a doença, com um risco ainda maior a partir dos 60 anos. De acordo com o médico, também são fatores de risco: imobilidade ou mobilidade reduzida; história prévia e também familiar de Trombose Venosa Profunda; presença de varizes nos membros inferiores; obesidade; lesão na medula; traumatismos graves; condições cirúrgicas e clínicas; câncer e quimioterapia; viagens prolongadas; e condições congênitas e adquiridas que facilitam a formação de coágulos (trombofilia).
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O médico angiologista e cirurgião vascular no Instituto Orizonti, Rodrigo Moreialvar – coordenador e ex-presidente da Regional Minas Gerais da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular -, explica que os fatores de risco podem ser classificados como de baixo e de alto risco. “Uso de anticoncepcionais e presença de varizes são de menor risco. Eventos como fratura de pelve, Acidente Vascular Cerebral ou grandes traumas são de grande risco. Há ainda diversos outros fatos que podemos considerar como risco intermediário, como o passado de trombose, cirurgias e infecções graves – geralmente com necessidade de internação hospitalar ou pacientes acamados mesmo em casa -, além de algumas doenças específicas que podem ser congênitas ou adquiridas e que levam à predisposição à trombose. Os pacientes de maior risco são os que têm alguns desses fatores associados e a idade é risco que se soma a todos eles”, destaca.
Por isso, o médico destaca também a necessidade de um cuidado especial com pacientes hospitalizados. “Pacientes com tumores, com infecções e necessidades de cirurgias complexas e que ficam acamados são os mais acometidos. Atualmente, um fator de risco muito importante é a infecção pelo coronavírus (Covid-19) que tem taxas importantes de trombose em variados locais da circulação sanguínea. Paciente nessas condições deve receber cuidados especiais para a prevenção da trombose”, afirma.
Atenção aos sinais como forma de prevenção da trombose
De acordo com Bruno Naves, na fase inicial, as tromboses venosas podem ter poucos sintomas, mas de uma maneira geral o edema de uma perna só é muito importante e já vale uma atenção maior. O paciente pode apresentar inchaço, dor, musculatura endurecida, diferença do volume de uma perna em relação à outra e até mesmo uma perna mais quente. No caso do pé, ele pode ficar arroxeado.
O diagnóstico é realizado clinicamente, com o apoio de exames complementares. “O tratamento da trombose venosa, a mais comum, é quase exclusivamente clínico. Casos eventuais merecem alguma intervenção para retirada ou dissolução dos trombos. E o tratamento se baseia principalmente em evitar complicações e melhorar os sintomas. Podemos considerar como tratamento de escolha os anticoagulantes, mas em tromboses superficiais ou distais e ainda em pacientes com risco de sangramento essas medicações podem ser evitadas e outros cuidados tomados para o tratamento. Todos os pacientes devem ser acompanhados e muito bem orientados e o tratamento é instituído por, no mínimo, 3 a 6 meses”, indica Moreialvar.
Naves complementa que evitar o crescimento do trombo e, eventualmente, o seu desprendimento em direção ao pulmão, para não causar uma embolia pulmonar, é o primeiro intuito do tratamento. A condução adequada também impede o agravamento do quadro, que pode deixar sequelas nas pernas, como uma hipertensão venosa, e tornar a perna mais inchada, de coloração escura e, em alguns anos, surgir ferimentos (síndrome pós-trombótica).
A prevenção da trombose passa por uma série de medidas no dia a dia. O presidente da SBACV destaca que, para os pacientes que correm risco de desenvolver a trombose, quando identificados, é possível fazer algumas alterações na rotina, como evitar a imobilização prolongada, manter as pernas elevadas (em posição elevada acima do coração), usar meias elásticas quando for ficar muito tempo parado e caminhar. Para quem passou ou vai passar por intervenções, as recomendações são estímulo da caminhada e movimentação precoce após procedimentos cirúrgicos; alta do hospital o quanto antes (para que o paciente possa ir embora caminhando); uso de remédios anticoagulantes após avaliação do vascular; compressão pneumática intermitente: dispositivo que comprime o membro do paciente como se fosse uma massagem em casos de pós-operatório.
“Evitar a trombose não é sempre fácil, mas na maioria dos casos é possível e traz o grande benefício de evitar complicações crônicas e até o risco de óbito. Os cuidados são individualizados, de acordo com os riscos e características pessoais. Pacientes com fatores de risco importante e aqueles com passado de trombose ou histórico familiar devem ter sempre acompanhamento médico especializado”, enfatiza Moreialvar.
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