Por que o colesterol alto é perigoso?

    Quando se faz um check-up, um dos primeiros exames a serem pedidos é o do… colesterol. Verificar seus níveis e ficar atento ao seu controle faz parte de uma boa saúde. Mas você sabe por que o colesterol alto é perigoso? Para o Dia Nacional de Combate ao Colesterol, lembrado em 8 de agosto, o Saúde Debate deixa orientações importantes.

    O colesterol alto é um problema de saúde silencioso. Quem não faz avaliações médicas regulares pode ter níveis alterados de colesterol sem saber. “Ninguém sente o colesterol. A pessoa vai sentir somente quando aparecer alguma manifestação cardiovascular. Mas, anos de colesterol alto pode resultar em um infarto ou em Acidente Vascular Cerebral – AVC, o popular derrame. Por isso, é importante fazer um check-up regularmente”, salienta o cardiologista Leandro Vasconcelos, chefe de Cardiologia Clínica do Hospital São Vicente Curitiba.

    “A quantidade elevada de glicose no sangue, o aumento da pressão arterial, juntamente com o colesterol elevado, aumenta a probabilidade da formação de placas que obstruem as artérias”, alerta o cardiologista Fernando Costa, membro do Comitê Científico do Instituto Lado a Lado pela Vida (LAL), organização da sociedade civil que atua na área da saúde.

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    O instituto reforça ainda que colesterol alto não acomete somente pessoas com obesidade ou sobrepeso, pois o colesterol genético pode acometer pessoas magras. Por isso, fica o alerta para quem tem pais e irmãos com colesterol alto, pois a chance de ter também são maiores e se tornam pessoas com maior risco de sofrer um infarto ou um AVC (acidente vascular cerebral). Isso ocorre porque os níveis de colesterol no sangue dependem da taxa de remoção do colesterol pelo fígado, que é genética.

    Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019, divulgada no final de 2020, 14,6% dos brasileiros com 18 anos ou mais (que representa cerca de 23,2 milhões de pessoas) afirmaram ter diagnóstico médico de colesterol alto. Considerado um dos fatores determinantes para o surgimento de doenças cardiovasculares, o elevado índice de gordura no organismo atinge 40% da população brasileira, de acordo o Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (Erica). Dados do Ministério da Saúde corroboram esta informação e apontam que quatro em cada dez brasileiros tem colesterol alto e 20% dos adolescentes, de 12 a 17 anos, também têm os índices elevados. “O colesterol é saudável para o nosso organismo, o problema é o excesso”, destaca Vasconcelos.

    Colesterol alto perigoso x tipos de colesterol

    O colesterol é um tipo de gordura que todas as pessoas têm em circulação no sangue e serve de base para a produção de vários hormônios, células e está presente até em nervos. “Podemos dizer que o colesterol é um tijolinho muito importante para a construção do nosso organismo. O problema é quando está em um nível muito alto, aí sim podem surgir algumas doenças, principalmente a aterosclerose, que é a deposição de gorduras nos vasos sanguíneos”, alerta Dr. Leandro Vasconcelos, que lembra ainda que a aterosclerose também é assintomática e o que pode causar infarto ou AVC.

    Existem dois tipos de colesterol: o LDL, conhecido como “ruim” e o HDL, denominado de “bom”. É necessário um equilíbrio entre ambos para que se tenha um nível adequado no organismo. “O HDL tem a função de tirar o colesterol ruim do sangue e jogar para o fígado, que elimina esse colesterol. Então, quanto mais alto o HDL, melhor porque ele tira o LDL do sangue. É o LDL, por exemplo, que causa o depósito de gordura no sangue. Por isso, é importante ter um nível de HDL mais alto e o LDL baixo”, explica o cardiologista.

    O nível do HDL, geralmente, precisa ser acima de 40 mg/dl. Já o LDL varia para cada pessoa, relata Vasconcelos. “O alvo do LDL vai depender do risco cardiovascular que o médico calcula a partir do perfil de cada um. Um paciente que já teve um infarto ou AVC, precisa de uma meta mais agressiva, como abaixo de 50 mg/dl, por exemplo. Um paciente diabético tem um LDL aterogênico, com potencial maior de acúmulo gordura, então precisa de um nível mais baixo também. Mas se é um paciente jovem e sem doenças, ele é de baixo risco, assim, posso tolerar que tenha uma LDL de 130 mg/dl. Cada pessoa vai ter um nível de LDL considerado aceitável a depender do seu risco.”

    Importância dos hábitos saudáveis para evitar o colesterol alto perigoso

    A adoção de hábitos saudáveis é fundamental, pois têm influência direta no colesterol. No caso do LDL, uma alimentação rica em gorduras saturadas (como as gorduras das carnes, dos derivados do leite) e alimentos industrializados ajudam a aumentar os níveis desse tipo de colesterol. “Contudo, as gorduras boas, gorduras poli-insaturadas e monoinsaturadas são saudáveis e melhoram o perfil do colesterol. Elas estão presentes em alimentos como azeite, salmão, atum, castanhas, amêndoa e abacate, entre outros”, exemplifica.

    Os exercícios físicos ajudam a aumentar o HDL. “A prática de exercício físico é essencial dentro de qualquer orientação para saúde, pois aumenta os gastos energéticos e isso faz com que se reduza o colesterol”, salienta. “Mas só o exercício físico não consegue atingir a meta. O exercício aumenta bastante o HDL, mas não tem efeito tão potente no LDL. Por isso é preciso cuidar também da alimentação”, ressalta. A recomendação é que se faça 150 minutos de exercícios aeróbicos por semana. Parar de fumar e não consumir bebidas alcoólicas em excesso é importante para evitar lesões nas paredes dos vasos sanguíneos, que favorecem e aceleram o acúmulo de gorduras.

    A maioria dos pacientes consegue controlar os níveis de colesterol com mudanças de hábitos de vida e os remédios são indicados apenas em casos mais específicos. “Caso os níveis não melhorem com o paciente seguindo à risco todas essas metas, pode ser necessário ter a medicação. Para pacientes que já tiveram AVC ou infarto, por exemplo, sempre vamos utilizar remédios para evitar novos eventos cardiovasculares”, observa Dr. Leandro Vasconcelos.

    Confira as 7 dicas para o combate ao colesterol

    1 – Não fumar: o cigarro aumenta as probabilidades de uma doença cardiovascular. Ele favorece a formação de placas nos vasos sanguíneos.

    2 – Alimentação saudável: compreende uma alimentação rica em fruta, legumes, folhas, carne branca e substituição do óleo por azeite no preparo das refeições.

    3 – Exercício físico: a prática de qualquer exercício físico, pelo menos, três vezes por semana.

    4 – Controlar o estresse: o fator emocional interfere diretamente no funcionamento do organismo. Seu controle é indispensável para uma vida mais saudável. Assistir uma série ou filme, passar um tempo com amigos, família e se desligar das obrigações temporariamente são algumas saídas.

    5 – Estar atento ao peso: é importante acompanhar junto a um profissional de nutrição meios de manter um peso corporal que não interfiram na qualidade de vida.

    6 – Evitar alimentos ultra processados: esses alimentos são ricos em gordura saturadas, o que interfere diretamente no aumento do colesterol ruim (LDL) no organismo. Entre os principais estão as comidas congeladas (batata frita, lasanha, nuggets), fast food no geral e salgadinhos.

    7 – Inclusão de frutas oleaginosas na dieta:  as castanhas, nozes, pistache são exemplos de frutas que aumentam a quantidade de HDL (colesterol bom) no organismo.

    Fonte: Instituto Lado a Lado pela Vida (LAL)

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