Até o dia 21 de abril de 2021, o novo coronavírus (Covid-19) já infectou mais de 141 milhões pessoas com cerca de 3 milhões de mortes conforme Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, dados do Ministério da Saúde mostram que aproximadamente 14 milhões de pessoas foram infectadas, incluindo quase 382 mil óbitos. Somado a esses trágicos números, a pandemia tem deixado graves consequências de ordem econômica e social que, possivelmente, serão superadas a médio-longo prazo, dependendo das políticas públicas a serem adotadas. Uma dessas consequências vem sendo discutida e apontada pelos pesquisadores como tão grave e impactante quanto o próprio vírus, o agravamento da “pandemia do sedentarismo” ou “pandemia da inatividade”.
Nesses últimos meses, o distanciamento/isolamento social foi recomendado pelos órgãos de saúde e adotado por uma grande parte da população para o controle da transmissão do vírus. Embora necessário, esse “novo normal” trouxe, em consequência, uma alteração no uso do tempo destinado às atividades diárias. O tempo usado em atividades físicas diárias foi drasticamente reduzido, bem como a falta de exercícios físicos regulares em ambientes externos em detrimento do tempo gasto em atividades “inativas fisicamente”, como por exemplo, o tempo destinado ao uso do computador, tempo em frente à televisão, tempo para atividades intelectuais.
Não quer dizer que essas atividades não sejam importantes, pelo contrário, foram e são necessárias para a manutenção das atividades acadêmicas, profissionais e de lazer que contribuem para permanência em distanciamento/isolamento. Entretanto, o maior tempo destinado a essas atividades somadas à limitação de espaço físico para a prática de exercícios fez com que as pessoas reduzissem o tempo gasto em esforço físico, aumentado o nível de sedentarismo populacional.
O comportamento sedentário tem sido considerado um dos principais fatores de risco para o aparecimento e agravamento de doenças crônicas, como obesidade, hipertensão, doenças cardiovasculares, neurológicas e câncer. De acordo com a OMS, 31% dos indivíduos com 15 anos ou mais são insuficientemente ativos e aproximadamente 3,2 milhões de mortes por ano são relacionadas ao sedentarismo.
Em todo o mundo, o custo anual em saúde devido ao sedentarismo extrapola a 50 bilhões de dólares. Mesmo com esses números impactantes, nos últimos anos, muitos países viram um aumento no sedentarismo em proporções pandêmicas e provavelmente, isso foi acelerado durante a pandemia de Covid-19. Qualquer redução no sedentarismo e aumento na atividade física diária, mesmo abaixo daquilo que é recomendado – pelo menos 150 minutos por semana de atividade física aeróbica de intensidade moderada ou pelo menos 75 minutos de atividade física aeróbica de intensidade vigorosa durante a semana e 2 sessões por semana de treinamento de força muscular – têm benefícios significativos para a saúde.
É certo e esperado que sairemos desse triste momento provocado pela pandemia de Covid-19 e retornaremos a “vida normal”. No entanto, a “pandemia do sedentarismo” continuará – e agravada pela Covid-19. É preciso reagir a isso, exigir políticas públicas que minimizem essa situação e, principalmente, deixarmos a inércia de lado e criarmos alternativas práticas que resulte em “menos sentar e mais movimentar”. Manter a atividade física diária regular é um componente indispensável para um estilo de vida saudável.
Movimente-se!
*Ricardo A. Pinho é professor da Escola de Medicina e do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e coordenador do Simpósio BIOEX: Bioquímica do Exercício em Saúde, evento promovido pela PUCPR entre 23 e 25 de junho.
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