Há mais de 30 anos sem registrar casos de poliomielite em território nacional, o Brasil está em estado de alerta após outros países, que também não possuíam diagnósticos recentes, detectarem novos casos da doença. Como não há cura para a enfermidade, o Hospital Pequeno Príncipe enfatiza o papel da vacinação como única forma de proteção e prevenção à poliomielite, em um cenário mundial de preocupação quanto à circulação do vírus.
Os índices de imunização são alarmantes. De acordo com dados do Ministério da Saúde, a cobertura vacinal contra a poliomielite no Brasil sofreu queda ao longo dos últimos anos. Os números, que chegavam a 100% em 2013, decaíram em 67% em 2021 – menor taxa em uma década. Segundo informações da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), divulgadas em 2022, o Brasil já se encontra na lista de países com alto risco de volta da poliomielite.
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“A queda no número de crianças vacinadas é preocupante, pois a poliomielite é uma doença altamente contagiosa. Com uma cobertura vacinal abaixo de 95% de adesão, aumentam os números de crianças suscetíveis à enfermidade. Também aumentam os riscos de o vírus ser reintroduzido no Brasil e ocorrer uma rápida onda de transmissão entre os não vacinados”, adverte a médica pediatra Heloisa Ihle Garcia Giamberardino, que coordena o Centro de Vacinas Pequeno Príncipe.
Sobre a poliomielite
Popularmente conhecida como pólio ou paralisia infantil, a poliomielite é uma doença viral causada por três sorotipos de poliovírus, que ocorrem somente em humanos. A transmissão pode acontecer por via fecal, oral ou por meio de gotículas respiratórias.
A coordenadora do Centro de Vacinas Pequeno Príncipe reforça que em 70% dos casos a doença se apresenta de forma assintomática ou como um resfriado comum. O vírus da doença persiste no trato respiratório por aproximadamente duas semanas após o início dos sintomas, sendo posteriormente excretado pelas fezes durante três a seis semanas. “Essa forma de eliminação do vírus faz com que o paciente seja potencialmente contagioso durante esse período”, relata a médica.
“Apenas alguns casos, entre 1% e 5%, acabam se manifestando como uma meningite asséptica com parestesias, nos quais é possível somente um tratamento suportivo. Em poucos dias, temos a evolução para paralisia, característica da poliomielite”, acrescenta. Essa complicação em pacientes infectados pela doença se manifesta como uma paralisia assimétrica, que afeta principalmente os músculos proximais, aqueles próximos ao tronco, como a parte superior das pernas e braços.
Campanha Nacional de Vacinação
A vacinação é a única forma de prevenir a enfermidade, que não tem cura tampouco tratamento. Até o dia 9 de setembro, o Brasil realiza a Campanha Nacional de Vacinação, com cerca de 40 mil postos de saúde prontos para a aplicação de doses de 18 vacinas que compõem o calendário de vacinação da criança e do adolescente, entre elas a da poliomielite.
Em território nacional, existem duas vacinas disponíveis que atuam contra a pólio, ambas altamente imunogênicas e efetivas na prevenção da doença, sendo elas a vacina inativada, intramuscular, e a vacina viva atenuada, por via oral, desenvolvida por Albert Sabin. O esquema vacinal completo contra a pólio consiste de cinco doses, entre as quais duas de reforço.
“No esquema primário, com doses aos 2, 4 e 6 meses, deve-se dar prioridade para o uso da vacina inativada. Após essas três doses, o primeiro e segundo reforço devem ser realizados aos 15 meses e 4 anos respectivamente. 99% a 100% do público com ao menos três doses apresenta uma soroconversão e, consequentemente, a proteção contra a poliomielite”, completa a pediatra.
*Informações Assessoria de Imprensa