Pesquisadores otimizam técnica que pode facilitar diagnóstico de superbactéria

superbactérias
(Foto: Freepik)

As superbactérias ou bactérias multirresistentes são uma das maiores preocupações da ciência atual no que se refere ao tratamento de pacientes em ambiente hospitalar. Resistentes à imensa maioria dos antibióticos comuns e presentes no mundo inteiro, sua existência incita a busca de abordagens mais acessíveis para diagnosticar e tratar adequadamente as infecções que elas provocam.

Leia também – Covid-19 acelerou a participação na corrida da pesquisa clínica mundial

Dentro desse contexto, pesquisadores do Instituto de Medicina Tropical (IMT), da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), identificaram uma nova estrutura capaz de aderir à estrutura celular de um dos principais agentes causadores de infecções hospitalares, a Acinetobacter baumannii. Trata-se do aptâmero A01, cujo achado foi descrito em artigo no periódico Frontiers in Cellular and Infection Microbiology, em junho deste ano.

Aptâmeros, de modo geral, constituem-se de pequenas sequências de DNA ou RNA de fita simples, formando uma estrutura tridimensional capaz de se ligar a um alvo específico com alta afinidade e especificidade. “Devido a essa ligação eles podem ser usados para identificação de determinados alvos e, caso esses alvos pertençam a agentes infecciosos, podem ser usados no diagnóstico”, explica a pesquisadora do IMT e primeira autora do artigo, Marina Farrel Côrtes.

Adotando uma metodologia própria baseada em células inteiras, os cientistas do IMT puderam selecionar, a partir de um conjunto com trilhões de sequências aleatórias, a estrutura do A01. Para isso, foram testados, combinados e otimizados diferentes protocolos de seleção até se chegar em uma metodologia ideal.

“A técnica que nós desenvolvemos envolve menos equipamentos e etapas menos custosas para que a seleção e identificação de aptâmeros possa ser realizada por laboratórios com menos acesso”, diz Marina.

Durante os testes em laboratório, o aptâmero A01 mostrou uma preferência de ligação à Acinetobacter baumannii em relação a outros agentes, como a Klebsiella pneumoniae e o Candida albicans. Além de contribuir para o diagnóstico precoce de infecções por essa bactéria, a expectativa é que eventualmente o A01 e outros aptâmeros promissores possam ser utilizados como ferramenta de tratamento, uma vez que sua ligação a um alvo específico pode acarretar na inativação do mesmo.

Acinetobacter baumannii

Acinetobacter baumannii é um dos principais agentes causadores de infecções hospitalares, podendo levar a quadros de pneumonia, infecções urinárias, cutâneas, entre outros. Sua resistência a antibióticos faz com que essa bactéria seja uma ameaça de alta letalidade, tendo contaminações e mortes registradas em diversos países.

Para a cientista Marina Côrtes, isso torna a criação de novos métodos de detecção algo ainda mais urgente. “O diagnóstico precoce é extremamente importante uma vez que a rápida identificação favorece um tratamento direcionado, que é mais assertivo. Quanto antes o diagnóstico, mais cedo o tratamento pode ser iniciado e maiores as chances de sucesso”, diz.

*Informações Assessoria de Imprensa