Com o objetivo de identificar os impactos socioemocionais das pessoas que desempenham o papel de cuidador familiar de pessoas idosas, o Itaú Viver Mais, em parceria com Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), realizou um estudo qualitativo inédito chamado “Envelhecimento e Cuidado: Estudo sobre Cuidadoras Familiares de Pessoas Idosas”. Os resultados destacam que, apesar de ser um cuidado exercido de modo informal nos domicílios por alguém da família, a falta de valorização e reconhecimento monetário podem deixar marcas permanentes nas cuidadoras.
Realizado em maio deste ano, o estudo contou com a participação de 11 mulheres cuidadoras familiares de idosos, residentes em São Paulo, com idades entre 30 e 65 anos. Além das entrevistas, foram realizadas observações em seus domicílios e rotinas, visando abranger uma diversidade de idade, renda e situação ocupacional das participantes. Os resultados revelam que o cuidado familiar é exercido, majoritariamente, por mulheres, que durante a pesquisa alegaram sobrecarga, exclusão do mercado de trabalho e até dificuldade em dedicar tempo aos estudos e à formação profissional. Além disso, as entrevistadas relatam ainda não receber remuneração pelo seu trabalho, o que compromete sua estabilidade financeira e as torna dependentes de outros membros da família, inclusive para necessidades básicas.
O estudo também revela que, apesar de esse cuidado familiar ser associado a um gesto de amor e doação entre quem cuida e é cuidado, a sensação de luto antecipado, estresse e restrição de liberdade levam ao isolamento social. Abaixo, seguem alguns depoimentos:
“Exaustão, todo mundo querendo, querendo, querendo algo de você o tempo todo. O cuidado das pessoas é exaustivo. Você está sempre cuidando de alguém e você fica muito de lado”, relata uma das participantes da pesquisa.
“Eu sou cuidadora, doméstica, psicóloga, intermediadora de conflitos”, finaliza outra cuidadora.
Bruno Crepaldi, superintendente de Relações Institucionais do Itaú Unibanco, fala da relevância desse levantamento: “Esse estudo do Itaú Viver Mais é fundamental para lançar luz sobre uma questão pouco discutida em nossa sociedade, além de permitir iniciar um debate sobre a necessidade da criação de políticas públicas e serviços que promovam o envelhecimento, incluindo programas de cuidados de saúde personalizados e serviços comunitários”.
“O estudo mostra como o cuidado de pessoas idosas exercido pela família tende a sobrecarregar as mulheres que assumem essa responsabilidade e a impactar suas vidas nas dimensões profissional, financeira, social e emocional, o que significa mais uma camada de desigualdade de gênero. O aumento da expectativa de vida no Brasil associado à queda da natalidade amplia as demandas de cuidado e, como aqui esse trabalho recai predominantemente sobre as famílias, é essencial olhar para a pessoa idosa e para quem cuida dela. A pesquisa traz relatos que nos sensibilizam a tratar o cuidado das pessoas idosas não só pela perspectiva do afeto e da obrigação, mas também da cidadania: como urgência pública e responsabilidade de toda sociedade”, comenta Priscila Vieira, pesquisadora do CEBRAP e coordenadora do estudo.
O relatório completo do estudo está disponível para download no site oficial do Cebrap.
*Informações Assessoria de Imprensa