Ozempic não é fórmula mágica para emagrecer: conheça os riscos

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(Foto: stefamerpik/Freepik)

Alardeado nas redes sociais como uma fórmula mágica para o emagrecimento, o Ozempic, remédio que tem como princípio ativo a semaglutida e é usado no tratamento da diabetes tipo 2, virou moda e levou centenas de pessoas a buscarem o produto nas farmácias, causando desabastecimento. No último dia 19, a notícia de que uma mulher de 29 anos foi internada na UTI por problemas hepáticos supostamente provocados pelo uso da medicação reforça o alerta da comunidade médica: não existem fórmulas mágicas e nenhum medicamento deve ser usado sem orientação e acompanhamento médico.

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O médico e pesquisador Adivaldo Vitor Barros de Oliveira Júnior, membro da Associação Brasileira de Médicos com Expertise em Pós-Graduação (Abramepo) e da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, explica que todo medicamento tem o seu potencial terapêutico, mas também pode apresentar reações adversas. A obesidade é uma síndrome metabólica associada a várias alterações corporais. A escolha do medicamento para combatê-la deve ser ainda mais criteriosa e uma avaliação clínica e laboratorial é indispensável. “A obesidade está relacionada a maior risco de infarto; AVC; a 13 tipos diferentes de tumores malignos; maior tendência em desenvolver pressão alta; aumento nos níveis de colesterol, glicose, triglicerídeos, ácido úrico e de gorduras no fígado. Nenhum remédio pode ser prescrito sem um exame laboratorial completo do paciente. É preciso, antes, saber como está o organismo do paciente para prever possíveis reações”, reforça.

Multidisciplinar

O médico conta que, até poucos anos atrás, a liraglutida e semaglutida, substância dos dois remédios da moda para o emagrecimento, eram recomendadas apenas para pacientes diabéticos. Recentemente, “alguns desses medicamentos passaram a integrar arsenal terapêutico que tem boa resposta também para o obeso ainda não diabético”.

No Brasil, o medicamento não é vendido com retenção de receita, o que facilita o acesso de qualquer um à droga.A automedicação pode levar a outro problema que causa complicações: o aumento da dosagem sem supervisão. “Esses remédios são eficazes porque combatem várias alterações metabólicas no organismo dos pacientes com sobrepeso e ou obesidade. Mas o tratamento da obesidade necessita da abordagem médica, nutricional, psicológica, psiquiátrica, de um preparador físico e da própria família. Não é um medicamento apenas que vai resolver o problema. Um tratamento eficaz pode lançar mão de remédios, mas deve incluir a mudança de hábitos alimentares e a prática regular de atividade física”, enumera.

Recorrente

A semaglutida simula a ação do hormônio GLP-1, que inibe a fome e regula o nível de açúcar no sangue. Alguns dos efeitos colaterais relatados na literatura médica são náuseas, vômitos e até obstrução intestinal, no caso de uso prolongado.

O estudioso reforça que a obesidade é uma doença crônica e recorrente. “Ela tem uma tendência a voltar se você parar os tratamentos, o estilo de vida saudável, a atividade física regular e a medicação”, comenta. Quando o paciente para de tomar a medicação, a sensação de saciedade e diminuição da fome acabam. “Se o paciente não mudou os hábitos alimentares e não adotou a prática regular de atividade física, provavelmente engordará novamente”, conta.

Efeitos colaterais

O médico ressalta que usar uma medicação sem acompanhamento médico pode provocar danos ao organismo. Entre os efeitos colaterais descritos na bula do remédio estão cálculo biliar; aumento de enzimas pancreáticas; dor e inchaço do abdome; complicações de doença ocular diabética e baixa glicemia, que pode provocar sintomas como suor frio, pele fria e pálida, dor de cabeça, batimentos cardíacos rápidos, alterações na visão, sensação de sono ou fraqueza, nervosismo, ansiedade ou confusão, dificuldade de concentração ou tremor. Há ainda relatos de mudanças de humor. “Mesmo que a medicação seja prescrita, tem que haver um acompanhamento de perto. Todo e qualquer efeito adverso deve ser relatado para que o profissional decida pela interrupção do uso e pelo tratamento adequado dos sintomas”, completa.

*Informações Assessoria de Imprensa