Os cuidados com os olhos para evitar Covid-19 e conjuntivite no verão

    Especialistas e autoridades de saúde vêm alertando sobre os riscos das praias lotadas neste verão, diante da aglomeração de pessoas e a ausência da máscara de proteção, o que favorece a disseminação do novo coronavírus e o surgimento da Covid-19. Mas também há outro perigo nesta época do ano para quem frequenta estes locais: a conjuntivite.

    Segundo o médico oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier, de Campinas (SP), estudos mostram que o olho é uma das portas de entrada para o novo coronavírus. “Isso porque o canal lacrimal conecta o olho ao nariz e, portanto, ao sistema respiratório”, explica.

     

    Ao contrário do que muitos imaginam, o oftalmologista diz que a água do mar não transmite o vírus que causa a Covid-19. As aglomerações, ressalta, são a principal via de transmissão. “Isso porque no contato próximo uma pessoa contaminada elimina nos espirros e tosse partículas do SARS-COV-2, vírus da Covid-19. Estas partículas penetram na boca, nariz ou olhos de pessoas sadias”, conta.

    Outra forma de contaminação é tocar superfícies de uso comum contaminadas pelo coronavírus, como a mesa de um restaurante, balcão, bola, carrinho de supermercado ou outras, e depois levar as mãos à boca, nariz ou olhos. É por isso que a higienização das mãos com água e sabão ou álcool gel deve ser feita várias vezes ao dia. “Enquanto não temos acesso à vacinação, na praia continua obrigatório o uso de máscara e óculos com filtro UV (ultravioleta) para barrar o coronavírus e a radiação do sol”, ressalta. O problema é que muitas pessoas estão deixando a proteção de lado. Por isso, o médico teme que os casos de Covid-19 possam multiplicar ainda mais neste final de ano e início de 2021.

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    Conjuntivite

    Queiroz Neto afirma que a doença mais frequente no verão é a conjuntivite. Olhos vermelhos, coceira, lacrimejamento, sensação de corpo estranho, ardência, fotofobia, visão embaçada e secreção nos olhos são os sintomas comuns. A secreção varia conforme o tipo de conjuntivite: viral, bacteriana e alérgica.

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    Viral

    O oftalmologista afirma que é o tipo mais comum de conjuntivite. Altamente contagiosa requer afastamento do trabalho por até duas semanas. Caracterizada por uma secreção viscosa e transparente, tem nas aglomerações e contato das mãos com superfícies contaminadas os maiores fatores de risco. Para reduzir o desconforto nos olhos a dica do médico é usar óculos escuros que também ajudam a diminuir a proliferação do vírus, tomar bastante água e aplicar compressas frias ao primeiro desconforto.

    Não desaparecendo em dois dias é necessário consultar um oftalmologista. O tratamento é sempre feito com colírio anti-inflamatório que só deve ser usado sob prescrição e acompanhamento médico. Isso porque, algumas fórmulas contêm corticoide que requer regressão da dosagem antes da interrupção do uso para não causar efeito rebote. Outro risco da automedicação é usar por períodos longos. Isso porqu,e pode provocar glaucoma ou catarata. O oftalmologista ressalta que em alguns casos é necessária a aplicação de laser para retirar da superfície do olho uma membrana formada pelo vírus que compromete a qualidade da visão.

     

    Bacteriana

    É caracterizada por uma secreção amarelada e purulenta. Uma causa frequente no verão, comenta, é o contato do olho com água contaminada de piscina, praia ou jacuzzis. Neste caso, Queiroz Neto recomenda o uso de óculos de natação para interromper a contaminação. O médico ressalta que outra causa frequente deste tipo de conjuntivite é a maquiagem vencida. “Alteração na cor, cheiro ou consistência sinalizam que produto estragou e deve ser jogado no lixo mesmo quando a embalagem indica estar dentro prazo de validade”, afirma.

    Isso acontece, explica, quando é armazenada no banheiro que concentra grande quantidade de bactérias ou é compartilhada com amigas. “Cada pessoa tem uma flora bacteriana na pele. Por isso, a maquiagem não pode ser compartilhada”, afirma. Outra dica do médico é remover toda noite a maquiagem, lavar esponjas e pinceis após o uso para evitar contaminação. O tratamento da conjuntivite bacteriana é feito com colírio antibiótico que só pode ser adquirido com receita médica.

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    Alérgica

    A conjuntivite alérgica ou tóxica é caracterizada por coceira ou ardência mais intensa nos olhos e tem uma secreção aquosa. No verão, Queiroz Neto diz que o excesso de filtro solar ao redor dos olhos responde por 46% dos casos. Isso porque nos banhos de sol o suor facilita a penetração do produto nos olhos. A dica do médico é verificar se a fórmula contém óxido de zinco e dióxido de titânio, comuns em produtos infantis. Isso porque, estes dois componentes garantem neutralidade ao PH e por isso reduzem a chance de surgir a conjuntivite tóxica. Quando qualquer produto penetra nos olhos recomenda lavar abundantemente e fazer compressas frias. Caso o desconforto não desapareça é necessário consultar um oftalmologista. Neste caso, o tratamento é feito com colírio antialérgico.

     

    Prevenção

    As principais recomendações do médico para prevenir a Covid-19 e a conjuntivite são:

    – Lavar as mãos com água e sabão frequentemente

    – Usar máscara e óculos nas atividades externas

    – Não levar as mãos aos olhos e à boca.

    – Evitar aglomerações em locais fechados

    – Fazer compressas frias se a secreção for aquosa ou viscosa; morna se for purulenta

    – Não compartilhar óculos, maquiagem, colírio, descongestionante nasal, talheres, toalhas e fronhas

    – Evitar excesso de filtro solar e cosméticos na região dos olhos

    – Descartar maquiagem com alteração na cor, cheiro ou consistência

    – Manter os locais arejados

    – Tampar a boca com lenço descartável para tossir ou espirrar

    – Beber bastante água

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