O Ministério da Saúde incorporou a vacina da dengue ao calendário de imunização, em dezembro de 2023, levando em consideração alguns critérios de seleção de indicação para a vacina.
Leia também – Os impactos da prescrição eletrônica dentro (e fora) do varejo farmacêutico
A dengue é uma doença infecciosa febril aguda, causada por um vírus que pertence à família Flaviviridae, do gênero Flavivírus, e existem 4 sorotipos tipo 1, 2, 3, 4. Porém, somente a vacinação não é o suficiente para romper o ciclo da transmissão e as ações de prevenção da dengue são de extrema importância. O poder público deve atuar sempre de maneira conjunta com a população no combate ao mosquito, pois em média, 85% dos focos estão em domicílios.
O Brasil teve um aumento de 15,8% dos casos de dengue, no comparativo entre 2022 e 2023, com o número de casos sendo 1.382.665 e 1.601.848, respectivamente. Quando citamos o número de óbitos, houve um aumento 5,4% em 2023 em relação ao mesmo período de 2022. Nas primeiras semanas de janeiro deste ano, o Ministério da Saúde informou um acumulado de 217.841 mil casos suspeitos, com 15 mortes já confirmadas e 149 em investigação epidemiológica.
O Ministério da Saúde já vem amadurecendo a ideia da necessidade de incluir a vacina da dengue na população exposta e em 2023, devido ao aumento do número de casos e óbitos, se fez a inclusão da vacina. Para iniciar o esquema vacinal ainda em 2024, foi realizado um levantamento das faixas etárias mais vulneráveis.
A vacina incluída no calendário vacinal foi a Qdenga, a qual é indicada para a prevenção de dengue em indivíduos dos 4 aos 60 anos de idade, mas a cobertura da vacina, de acordo com a faixa etária analisada pela equipe técnica, e que foi definida através de critérios de risco, compreende as crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos – faixa etária que concentra maior número de hospitalização por dengue, sendo 16,4 mil de janeiro de 2019 a novembro de 2023.
A vacina da dengue tem um esquema de duas doses com intervalo de 3 meses, entre cada dose. Outro ponto importante é que a vacina é indicada para a proteção independente de infecção prévia, devendo respeitar o tempo de 6 meses entre a doença e a vacinação.
O governo tem uma previsão de iniciar a campanha de vacinação contra a dengue, logo que ocorrer a liberação de utilização da vacina pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS). O público-alvo já está definido e as áreas, que incluem cerca de 521 municípios em 16 Estados que foram elencados por causa de 3 critérios de seleção: municípios com mais de 100 mil habitantes, alta taxa de transmissão entre 2023 e 2024 e predominância do vírus de sorotipo DENV-2. Na primeira etapa serão vacinados apenas o público-alvo de adolescentes entre 10 e 14 anos, onde se detectou o maior índice de hospitalização.
Não existe em um primeiro momento um impacto coletivo, no que se refere a imunização da população, visto que se restringe a vacinação em faixa etária e para determinadas regiões do Brasil. No entanto, com essa estratégia se espera diminuir o número de hospitalizações e óbitos dessa população considerada a mais vulnerável.
*Elaine Grácia de Quadros Nascimento é Enfermeira Obstetra, Mestre em Saúde Coletiva e especialista em Auditoria dos serviços de saúde, Regulação em Saúde e Saúde Pública. Professora no Centro Universitário Internacional Uninter
Leia outros artigos publicados no Saúde Debate
Conheça também os colunistas do Saúde Debate