Escrever um artigo de opinião sobre guerra no auge do século 21, com todo crescimento e desenvolvimento tecnológico a nível global, evoca o poder das grandes potências (Rússia e Ucrânia) em detrimento dos cidadãos.
Para refletirmos melhor sobre o contexto da saúde única em tempos de guerra, preciso situar você, leitor, com algumas informações importantes sobre a Ucrânia. Ela é o segundo maior país da Europa depois da Rússia, o país está localizado ao norte do Mar Negro, ocupando posição geográfica estratégica entre a Europa, a Rússia e a Ásia Central. O país possui terras férteis, ou seja, sendo mais específico, 30% da reserva mundial de terras negras, um importante e valioso recurso natural, finito.
A maior parte do seu território é formada por planícies, com algumas exceções. Seu território é coberto por floresta mistas, estepe-floresta e estepes, o que torna essa região rica em sua fauna, flora e vida microscópica (bactérias, fungos, vírus). Animais silvestres são abundantes na região, como veados, lobos, ursos, raposas, gatos selvagens, castores, doninhas e texugos. Animais de criação também são encontrados nas fazendas, como gado, porcos, ovelhas e cabras. Também são cultivadas nas fazendas batata, beterraba, trigo, cevada, milho, centeio e aveia. Grandes rios percorrem seu território, como Dnipro, Desna, Dnister e Danúbio, o que assegura uma reserva de água essencial para manutenção de todas as formas de vida.
Vale ressaltar que todo o território da Ucrânia se encontra na faixa climática moderada. Os invernos são rigorosos, podendo atingir os 25ºC negativos na maioria do país, oscilando entre 8ºC e 12ºC negativos, com exceção do Sul, com clima mais moderado. Por sua vez, os verões são quentes em todo o país, registrando temperaturas mais intensas no Sul, onde podem atingir 35ºC, oscilando entre 18ºC e 25ºC graus positivos.
Agora já atualizados das riquezas naturais do país, podemos ir para o desfecho principal desse nosso artigo: a saúde única em tempos de guerra. Observe sempre que, ao longo da história, quando uma guerra é iniciada, todas as reservas naturais de um país são dizimadas por atiradores, morteiros, fogo da artilharia inimiga, bombardeios aéreos, granadas, enfim, todas as formas de vida e riquezas naturais são eliminadas, quebrando a tríade posposta pela saúde única.
Quando pensamos em saúde única, devemos lembrar do equilíbrio existente entre a saúde humana, saúde animal e saúde ambiental que, durante um momento crítico como o de uma guerra, são desestruturados, abrindo espaço para o surgimento de doenças emergentes e reemergentes. Além de encarrar os horrores de uma guerra física e psicológica, com a quebra da homeostase da saúde única, devemos pensar em uma guerra biológica, ou seja, no surgimento de doenças importantes que podem castigar ainda mais a população afligida do local, podendo novamente ser propagada a nível global.
Após a Primeira Guerra Mundial, a pandemia do vírus da gripe espanhola matou cerca de 50 milhões de pessoas entre 1918 e 1920, sendo considerada uma ameaça ainda mais mortífera que a própria guerra, fazendo três vezes mais vítimas fatais que o próprio conflito. A história se repete de um modo diferentes com a pandemia do Covid-19, de causa zoonótica atrelada diretamente à saúde única, que enfraqueceu e abalou todas as nações do planeta. Agora, uma guerra entre duas grandes potências que nos fazem emergir com vários questionamentos, com a evidente queda local dos princípios de saúde única. Qual doença infecto contagiosa emergente ou reemergente será propagada a nível global, tendo como berço esse conflito?
*Willian Barbosa Sales é biólogo, doutor em Saúde e Meio Ambiente (UNIVILLE), coordenador dos cursos de pós-graduação área da Saúde do Centro Universitário Internacional Uninter.
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