Queimadas e saúde pública: A relação entre incêndios florestais e doenças infecciosas

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2024-09-12 | 16:00h
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2024-09-12 | 13:35h
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(Foto: pvproductions/Freepik)

As queimadas no Brasil, especialmente nas áreas rurais do estado de São Paulo, como em Ribeirão Preto e municípios vizinhos, têm se tornado um problema crônico. Esse cenário é agravado pelo clima seco e pela falta de fiscalização eficiente. Nos últimos meses, os noticiários têm destacado a ocorrência frequente de incêndios florestais nessas regiões, o que levanta preocupações não apenas em termos ambientais, mas também em relação à saúde pública. O impacto das queimadas vai além da destruição da flora e fauna, estendendo-se ao aumento da incidência de doenças respiratórias e infecciosas, especialmente em populações vulneráveis.

Aumento das Doenças Respiratórias

Os incêndios florestais liberam grandes quantidades de poluentes, incluindo material particulado fino (PM2.5), monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio e compostos orgânicos voláteis, que são prejudiciais à saúde humana. Em cidades como Ribeirão Preto, onde a qualidade do ar já é comprometida por fatores urbanos, as queimadas agravam ainda mais essa situação. A inalação de partículas tóxicas pode desencadear uma série de problemas respiratórios, desde irritações leves até condições mais graves, como asma, bronquite e pneumonia.

A exposição prolongada a esse tipo de poluição é especialmente perigosa para crianças, idosos e pessoas com doenças pré-existentes. Em hospitais e unidades de saúde dessas regiões, pode ocorrer um aumento significativo no número de atendimentos relacionados a problemas respiratórios nos períodos de maior ocorrência de queimadas. Isso pode gerar uma sobrecarga no sistema de saúde, comprometendo a capacidade de atendimento a outras condições médicas, criando um efeito cascata que afeta toda a população.

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Além das doenças respiratórias, as queimadas podem criar condições propícias para a proliferação de doenças infecciosas. A destruição do habitat natural força animais silvestres a se aproximarem de áreas urbanas, aumentando o risco de zoonoses — doenças transmitidas de animais para humanos. Em um contexto, em que doenças como a febre maculosa e a leishmaniose já representam um desafio nas regiões afetadas, as queimadas podem amplificar esses riscos.

Impacto nos Serviços de Saúde e na Economia Local

O aumento de casos de doenças respiratórias e infecciosas representa um desafio significativo para os gestores de saúde pública. As unidades de saúde, muitas vezes, não estão preparadas para lidar com o aumento repentino da demanda por serviços médicos. Além disso, os custos associados ao tratamento dessas doenças, somados à necessidade de intervenções emergenciais, como internações e uso de medicamentos específicos, impõem uma carga financeira adicional aos sistemas de saúde municipais e estaduais.

Além disso, a economia local também enfrenta impactos indiretos. A produtividade da população é afetada, seja pela incapacidade de trabalhar devido a doenças ou pela necessidade de cuidar de familiares doentes.

A relação entre queimadas e saúde pública é clara e alarmante. O aumento dos casos de doenças respiratórias e infecciosas nas regiões afetadas é um reflexo direto da degradação ambiental provocada pelos incêndios florestais. É essencial que gestores públicos, profissionais de saúde e a sociedade civil trabalhem de forma integrada para mitigar os efeitos das queimadas, tanto no curto quanto no longo prazo.

Medidas como o fortalecimento da fiscalização ambiental, campanhas de conscientização sobre os riscos das queimadas e a implementação de políticas de saúde pública voltadas para a prevenção e tratamento das doenças associadas são cruciais. Também, é fundamental manter a carteira de vacinação em dia das crianças, idosos e portadores de doenças crônicas, além de garantir o ensino sobre educação ambiental nas escolas. Somente com uma abordagem multidisciplinar poderemos proteger a saúde das populações afetadas e preservar o meio ambiente, garantindo um futuro mais seguro e saudável para todos.

José Branco é Presidente na Sociedade Médica de Oxigenoterapia Hiperbárica (OHB) do Brasil, faz parte da Direção Executiva do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP), atua com o Diretor Técnico do Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano (INDSH) e é Diretor Médico da CLOUDSAÚDE.

Atenção! A responsabilidade do conteúdo é do autor do artigo, enviado para a equipe do Saúde Debate. O artigo não representa necessariamente a opinião do portal, que tem a missão de levar informações plurais sobre a área da saúde. 

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